A secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade condenou, esta terça-feira, o ataque racista protagonizado por um grupo anónimo, durante uma sessão online de debate, na passada quinta-feira, organizada pelos alunos da Escola Secundária de Camões.
"A liberdade e a defesa dos direitos humanos, a discussão de todas as formas de opressão e de racismo assustam quem cobardemente incita ao ódio e à violência. Quem assim age criminalmente, põe em risco toda a nossa sociedade e coesão social", começou por alertar a governante, numa mensagem divulgada na sua página oficial do Facebook.
No mesmo texto, a secretária de Estado sublinhou também que "as entidades competentes devem fazer o seu trabalho", defendendo que "o racismo e o ódio não podem passar impunes".
"A intimidação que este/as alunos/as sofreram tem de ser eficazmente investigada e punida. Bravas comunidades escolares que assim rompem os muros de silêncio", denotou.
Rosa Monteiro aproveitou ainda o momento para elogiar e agradecer à Associação de Estudantes do Liceu Camões e ao corpo docente e institucional do estabelecimento de ensino por promover a realização de "debates livres sobre direitos humanos de todas as pessoas".
"Muito obrigada ao diretor, que tantas vezes me tem recebido nas suas portas para discutir e debater os direitos humanos", acrescentou.
"Desenhos, fotografias e injúrias de teor racista" interrompem debate
A Escola Secundária de Camões foi alvo na semana passada de uma intervenção racista, por parte de um grupo cuja identidade é desconhecida.
Em comunicado, o liceu esclareceu que o ataque ocorreu durante um debate virtual subordinado ao tema 'Influência da Escravatura no Sistema - Racismo Institucional', organizado pelos alunos em parceria com a Fonte, núcleo de jovens africanas/os na diáspora em Portugal.
"Um grupo de pessoas, de identidade desconhecida, interrompeu, com desenhos, fotografias e injúrias de teor racista, a sessão online", pode ler-se na referida nota, divulgada esta terça-feira.
Segundo a escola, na sequência do incidente, já foi apresentada queixa ao Ministério Público, "no âmbito do Cibercrime, contra um ato de Discriminação e incitamento ao ódio e à violência, conforme previsto no Artigo 240º, nº 2, al. b), do Código Penal".
O ataque durante o debate virtual foi inicialmente avançado, ontem, pelo Público. De acordo com o jornal, que teve acesso à gravação da sessão, a invasão foi protagonizada por mais do que uma pessoa e o ataque contou com a partilha de imagens de suásticas e de pessoas negras violentadas no ecrã, enquanto se ouviam vozes em inglês a dizer: "preto volta para África", "preto cala-te" ou imitações do som de macacos.
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