Na missiva, os subscritores expressam a Rui Rio a "esperança no seu esclarecido empenhamento no processo de escolha da candidatura social-democrata à Câmara de Leiria", exortando-o "a acelerar a escolha de uma personalidade com reconhecimento local, com ideias claras quanto ao futuro do concelho, suficientemente afastada das 'tricas' e 'guerras' que têm marcado o passado recente do PSD", e que "dê garantias de encarar o desempenho do cargo como fim último e não como 'trampolim' para outros 'voos'".
Os 56 subscritores referem que a carta, com data de segunda-feira e hoje divulgada, "é mais do que um pedido de ajuda e manifestação de apoio ao presidente do PSD no que ao processo autárquico diz respeito".
"É também um grito de revolta quanto à situação que se vive no PSD de Leiria, crescente e artificialmente fechado em torno de um reduzido grupo de indefetíveis do seu líder", adiantam.
O grupo de militantes e simpatizantes começa por afirmar-se especialmente preocupado com a situação em Leiria, explicando que foram notícias recentes, que "revelam problemas na escolha da candidatura à presidência da Câmara Municipal de Leiria", que o motivou a escrever ao líder nacional do partido, "com o objetivo de evitar a acumulação de erros estratégicos e contribuir para encontrar uma solução digna para o município e o PSD".
Reconhecendo legitimidade ao presidente da concelhia de Leiria, Álvaro Madureira, que é também vereador, o grupo assinala, contudo, que "resulta claro que o militante em causa jamais colocou no centro da sua atividade quer os interesses da população do concelho quer os interesses" do PSD.
"É por demais evidente para quem acompanha e participa na vida de Leiria que o interesse primordial de tal pessoa é a sua própria 'notoriedade' social e as 'vantagens' inerentes ao lugar de vereador", lê-se na carta, lembrando que em "três eleições autárquicas sucessivas o PSD registou em Leiria os seus piores resultados de sempre, ao mesmo tempo que ele garantiu 'expressivas' vitórias internas".
"A esperança na afirmação de um projeto social-democrata para o desenvolvimento concelhio não é compaginável com esta postura do vereador e presidente da Comissão Política da Secção de Leiria", consideram, acrescentando: "A notícia da possibilidade de nomes alternativos para uma candidatura à Câmara de Leiria permite-nos concluir que a Comissão Política Nacional se empenhou neste assunto e estará decidida a uma cabal intervenção, tendo em vista alterar a realidade de mais de uma década".
Na carta, os subscritores saúdam ainda o comprometimento de Rui Rio "com a escolha de candidatos credíveis e aceites para além dos círculos internos do PSD", confessando-se "descansados perante (mais) uma proto-candidatura" do presidente da Concelhia, cujo nome nunca é mencionado na carta.
Mas avisam que não admitem, "em alternativa, putativas 'candidaturas' de pretensas 'figuras nacionais', mesmo que oriundas da área do distrito e com alegadas 'provas dadas' na defesa dos interesses de Leiria e do PSD".
"A candidatura do PSD à presidência da Câmara Municipal de Leiria exige mais do que uma hipotética boa 'folha de serviços' ao PSD e a Leiria", observam, sublinhando que tem de "ser muito mais do que uma tentativa de 'reabilitação' ou 'rampa de lançamento' para outros objetivos".
Nas eleições autárquicas de 2009, o PSD perdeu a Câmara de Leiria para o PS, que ganhou sem maioria absoluta. Os socialistas conquistaram cinco mandatos, o mesmo número dos do PSD, e o CDS-PP um.
No sufrágio seguinte, em 2013, o PS passou a ter maioria absoluta (sete mandatos) enquanto o PSD sentou na câmara quatro vereadores.
Já nas últimas autárquicas, em 2017, o PS aumentou para oito mandatos e o PSD desceu para três.
A Lusa tentou, sem sucesso, contactar Álvaro Madureira.
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