"A escolha do presidente da Comissão Política de Leiria para encabeçar a lista candidata à câmara municipal constitui um péssimo serviço ao PSD e a Leiria, quer porque tal pessoa não reúne as características mínimas para dignificar uma candidatura do Partido Social Democrata, quer porque o seu passado revela que não tem qualquer noção do que seja serviço público, quer, ainda, porque é o melhor serviço que se poderia prestar ao PS", lê-se numa missiva hoje tornada pública.
O documento destaca que "é impossível ficar indiferente perante esta lamentável escolha, que não serve os interesses do PSD e, acima de tudo, de Leiria e do seu concelho".
Os subscritores salientam, igualmente, que "não foi valorizada, como era expectável, a vitória alcançada nas anteriores legislativas, prova evidente de que os valores da social-democracia têm acolhimento maioritário em Leiria", além de que foi "ignorada a fragilidade da candidatura socialista e as reservas que suscita em largos setores da comunidade".
"Uma candidatura social-democrata forte, prestigiada junto da comunidade e com um programa claro de desenvolvimento do concelho -- que contrastasse com o 'pão e circo' socialista -- suscitaria certamente a adesão de largos setores da sociedade leiriense", refere a missiva.
Manifestando "absoluta indisponibilidade" para suportar a candidatura, os abaixo-assinados comprometem-se "a desenvolver, no tempo devido, todos os esforços para devolver o PSD de Leiria à sua matriz social-democrata, pondo fim a esta lamentável deriva em que os interesses de alguns anulam e substituem o interesse comum".
Em fevereiro, um grupo de 56 militantes e simpatizantes do PSD, incluindo nomes da carta agora divulgada, exortou o líder nacional do partido, Rui Rio, a acelerar a escolha do candidato à Câmara de Leiria e acusaram o presidente da Concelhia de ter como interesse primordial a notoriedade social.
Na missiva, os subscritores expressaram a Rui Rio a "esperança no seu esclarecido empenhamento no processo de escolha da candidatura social-democrata à Câmara de Leiria", exortando-o "a acelerar a escolha de uma personalidade com reconhecimento local, com ideias claras quanto ao futuro do concelho, suficientemente afastada das 'tricas' e 'guerras' que têm marcado o passado recente do PSD", e que "dê garantias de encarar o desempenho do cargo como fim último e não como 'trampolim' para outros 'voos'".
Na quarta-feira, o PSD anunciou que Álvaro Madureira é o cabeça de lista do partido à Câmara, candidatura que já tinha liderado nas eleições autárquicas de 2013.
No mesmo dia, o presidente da Distrital de Leiria do PSD disse que esta estrutura partidária "não acompanha a decisão da direção nacional" da candidatura de Álvaro Madureira.
No sufrágio de 2009, o PSD perdeu a Câmara de Leiria para o PS, que ganhou sem maioria absoluta. Os socialistas conquistaram cinco mandatos, o mesmo número dos do PSD, e o CDS-PP um.
Nas eleições seguintes, em 2013, o PS passou a ter maioria absoluta (sete mandatos), enquanto o PSD sentou na câmara quatro vereadores.
Já nas últimas autárquicas, em 2017, o PS aumentou para oito mandatos e o PSD desceu para três.
Além de Álvaro Madureira, são para já conhecidos também os cabeças de lista do PS -- o atual presidente da Câmara, Gonçalo Lopes -- e do Chega, Luís Paulo Fernandes.
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