"O Governo não quer dar explicações. O sr. primeiro-ministro na prática está a tentar encontrar uma desculpa para evitar uma comissão de inquérito e dar o esclarecimento que deveria dar. O Governo quer eleições e acho que é uma irresponsabilidade", afirmou hoje à Lusa.
O autarca socialista, também presidente da Câmara Municipal de Almeirim, no distrito de Santarém, acusou o executivo de usar a moção de confiança como "desculpa para evitar uma comissão de inquérito" e justificar a queda do Governo.
"Prefere ir a votos em vez de dar explicações. É uma irresponsabilidade (...) num momento de conjuntura internacional complexa", reforçou.
O autarca socialista considerou que durante todo este processo o PS "foi altamente responsável", apontando responsabilidades ao atual governo.
"O Partido Socialista foi altamente responsável dizendo duas coisas: A primeira é que não votaria a favor da moção de censura apresentada pelo PCP e, ao mesmo tempo, não votaria a favor da moção de confiança apresentada pelo Governo. O Governo, mesmo sabendo a posição do PS, decidiu avançar para a moção de confiança", afirmou.
O autarca vincou que "ir para eleições neste momento não faz sentido" e acusou o executivo "de estar quase a criar condições para uma demissão".
Pedro Ribeiro alertou ainda para os impactos negativos que as eleições poderão ter na economia do país.
"Quando as eleições são realizadas fora do seu tempo e com a regularidade com a que está a existir, obviamente que tem impacto em tudo. E os impactos não são positivos. Têm impacto nos agentes económicos que querem fazer investimentos e esta conjuntura acaba por adiar esses mesmos investimentos", defendeu.
Pedro Ribeiro disse ainda que o PSD não está a contribuir para a resolução dos problemas do país" porque, se forem marcadas eleições, o governo não vai fazer nada durante dois meses porque vai ficar em gestão.
"Depois, é normal que haja novos ministros e novos secretários de Estado que precisam de tempo para conhecer os 'dossiers'. A seguir, é preciso tratar do Orçamento do Estado. Ou seja, estamos no início de março e até ao final do ano pouco ou nada se faz", concluiu.
O Presidente da República admitiu na quarta-feira eleições antecipadas em maio, no final de um dia em que o primeiro-ministro anunciou uma moção de confiança - hoje já aprovada em Conselho de Ministros - que tem chumbo prometido dos dois maiores partidos da oposição, PS e Chega, e que deverá ditar a queda do Governo na próxima semana.
O voto de confiança foi avançado por Luís Montenegro no arranque do debate da moção de censura do PCP, que foi rejeitada com a abstenção do PS na Assembleia da República, e em que voltou a garantir que "não foi avençado" nem violou dever de exclusividade com a empresa que tinha com a família, a Spinumviva.
Se a moção for rejeitada no parlamento, o Presidente da República convocará de imediato os partidos ao Palácio de Belém "se possível para o dia seguinte e o Conselho de Estado "para dois dias depois", admitindo eleições entre 11 ou 18 de maio.
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