A líder parlamentar do PS, Alexandra Leitão, criticou a relação entre o primeiro-ministro, Luís Montenegro, e o Presidente da República depois de as declarações de Marcelo Rebelo de Sousa terem dado a entender que o "Governo não tinha informado" a Presidência de que ia "anunciar uma moção de confiança".
"Ficámos a saber, pelas declarações do Presidente da República, que o Governo não tinha informado que ia aqui anunciar uma moção de confiança, o que também diz muito sobre um relacionamento institucional que se quer saudável", afirmou Alexandra Leitão, em declarações aos jornalistas na Assembleia da República.
Questionada sobre se esta polémica com a empresa de Montenegro poderá ser tema de campanha eleitoral, em caso de eleições antecipadas, Alexandra Leitão não duvida de que acontecerá.
"Naturalmente que terá de ser tema de campanha, isso vai ter de ser, além de não acompanharmos a política do Governo em várias outras matérias", admitiu a líder parlamentar do PS.
A socialista disse que os socialistas nunca poderão "aprovar uma moção de confiança" a um Governo e primeiro-ministro que preferiram "lançar o país numa situação de crise".
"Para fugir ao escrutínio da Comissão Parlamentar de Inquérito, o primeiro-ministro anunciou hoje a apresentação de uma moção de confiança. O PS não queria e não quer uma crise política, mas quer e tem o dever democrático de garantir a transparência e as funções desta Assembleia, que é escrutinar o poder político. A crise política instalada é da exclusiva responsabilidade do Governo e do primeiro-ministro, que preferiram lançar o país numa situação de crise", justificou.
A falar já depois de o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ter prestado declarações sobre o assunto, Alexandra Leitão garantiu que o PS "está obviamente preparado para eleições".
"O primeiro-ministro não quis ou não pôde esclarecer cabalmente a situação que recai sobre ele. Não o fez e no sábado disse que não ia prestar mais esclarecimentos. Todo o país percebe que os esclarecimentos foram poucos e insuficientes. A pior coisa que se pode fazer ao Estado de Direito é deixar situações destas por escrutinar. Se o primeiro-ministro for o candidato do PSD, isso é algo que vai recair sobre ele. Não ter esclarecido e ter lançado o país numa crise política para se furtar a esses esclarecimentos", acrescentou Alexandra Leitão.
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