Confrontado com a rejeição da presença da Iniciativa Liberal (IL) no desfile comemorativo do 25 de Abril, em Lisboa, Vasco Lourenço garantiu, este sábado, que a polémica gerada não passa de mera "especulação".
"Penso que ficou claro que, da parte da comissão promotora e da associação 25 de Abril que a integra, não havia razões de natureza ideológica para condicionar a participação. Portanto, como sempre dissemos não há donos do 25 de Abril, todos podem festejar, comemorar o 25 de Abril como entenderem", sublinhou o presidente da Associação 25 de Abril em declarações, esta manhã, na SIC Notícias.
E acrescentou: A comissão promotora organiza um desfile específico (...) quem se revê neste conceito pode participar".
De notar que, ontem, depois da realização de uma reunião virtual da comissão promotora do desfile, foi alterada a decisão de excluir entidades interessadas, um posicionamento que tinha sido justificado com questões de saúde pública relacionadas com a pandemia. Contudo, para a IL a decisão já veio tarde e as comemorações do 25 de Abril do partido vão ocorrer num desfile paralelo ao que decorrerá na Avenida da Liberdade.
Ainda assim, à luz desta nova decisão, o Capitão de Abril sublinhou que "ninguém mudou de opinião".
"A associação [25 de abril] até tinha sido a entidade dentro da comissão promotora que se tinha batido pela não realização do desfile porque consideramos que não havendo condições para fazer a grande manifestação popular era preferível não fazer o desfile", esclareceu, acrescentando que a Associação 25 de Abril acabou por aceitar a decisão "praticamente unânime do desfile".
Vasco Lourenço concluiu que, por isso, a associação condena as críticas e a "especulação" criada envolta da matéria, promovida pela "IL e por outras forças".
Esta sexta-feira a comissão promotora do desfile comemorativo do 25 de Abril anunciou que ia abrir o evento na Avenida da Liberdade, em Lisboa, à participação de todas as entidades interessadas, embora estabelecendo regras por causa da pandemia.
Em comunicado, a comissão pediu a "todos os interessados" na participação no desfile "que não estejam integrados nas organizações que constituem a comissão promotora" que cumpram as regras sanitárias impostas pela DGS.
Antes de ser conhecida a decisão final da comissão, a IL anunciou a realização de um desfile próprio para comemorar o 25 de Abril, que também descerá a Avenida da Liberdade, em Lisboa, recusando "ceder a manobras" e garantindo o cumprimento das regras sanitárias devido à pandemia.
Durante a semana passada, alguns partidos que integram a organização lamentaram a exclusão da IL e do Volt Portugal do desfile, como a líder parlamentar do PS, Ana Catarina Mendes, que defendeu que a decisão mostrou "falta de sensibilidade" e "inabilidade política", rejeitando discursos divisionistas sobre a data e o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, que citou o cantor de intervenção Zeca Afonso: "sejam bem-vindos aqueles que vierem por bem". O Livre chegou mesmo a oferecer quatro lugares da sua comitiva aos dois partidos excluídos.
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