À margem de uma reunião com a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), o líder centrista foi questionado sobre a auditoria do Tribunal de Contas ao financiamento público do Novo Banco, conhecida na segunda-feira.
Na ótica de Francisco Rodrigues dos Santos, "a bem da transparência e do rigor na aplicação dos dinheiros públicos e da credibilidade das instituições", é preciso saber "de que forma é que esta nova administração do Novo Banco tem agido".
"Sem essa demonstração de resultados parece-me imprudente estar a injetar novas tranches de dinheiro no Novo Banco", sustentou, argumentando que é necessário compreender qual "o ponto da situação de contas e financeira em que se encontra o Novo Banco e perceber a viabilidade também das novas injeções de capital feitas pelo Estado".
Apesar de insistir que, "sem resultados, sem demonstração da gestão que tem vindo a ser feita por esta administração do Novo Banco", "é prematuro" avaliar novas transferências, Francisco Rodrigues dos Santos salientou que, "sendo o Estado uma pessoa de bem, os contratos são para cumprir".
"Agora, é importante saber qual é o estado da arte e a situação em que se encontra o Novo Banco e apurar também algum tipo de operações que foram feitas nos últimos anos que despertaram alguma desconfiança e levantaram algumas dúvidas na sociedade portuguesa, porque de facto o nosso país está com imensa dificuldades, os nossos empresários estão à míngua, estão a fechar os seus negócios, estão proibidos muitos deles de trabalhar, o Governo diz que não há dinheiro para dar à economia, mas para casos como o Novo Banco, para a TAP encontra sempre uma solução financeira. Isto acaba por indignar os portugueses e retira alguma credibilidade ao Governo", criticou.
Para o líder centrista, é necessária "alguma justiça, alguma equidade, e ela tem que ser reposta naturalmente pelo Governo".
Questionado sobre as conclusões da auditoria que referem falta de transparência no processo de venda do Novo Banco, o presidente do CDS-PP considerou que, "a bem do debate público, seria bom que se pudesse consubstanciar em atos concretos onde é que essa falta de transparência se verificou".
Sobre o facto de o Bloco de Esquerda ter exigido ao Governo na segunda-feira que não faça este ano qualquer injeção de capital no Novo Banco, Francisco Rodrigues dos Santos criticou "a hipocrisia" do partido.
"Porque aprovou sucessivos orçamentos do Estado que viabilizaram transferências para o Novo Banco ao abrigo do contrato que foi celebrado entre este Governo e a administração do Novo Banco e durante este período não vimos grande incómodo por parte do Bloco de Esquerda em estar do lado da solução governativa que continuou a atirar dinheiro para o Novo Banco",
O Banco de Portugal e o Fundo de Resolução consideraram na segunda-feira que a auditoria do Tribunal de Contas ao Novo Banco demonstrou que não há impedimentos à injeção de dinheiro público no Novo Banco.
Ambas as entidades coincidiram de que a auditoria demonstra que devem ser cumpridos os contratos feitos no âmbito do Novo Banco, nomeadamente o contrato do mecanismo de capital contingente pelo qual o Estado tem capitalizado o banco. Destacam ainda a conclusão da auditoria de que o mecanismo de capitalização pública tem sido fundamental para a estabilidade do sistema financeiro.
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