"Ainda bem que hoje toda a gente reconhece que existe naquelas estufas é uma gritante violação dos direitos humanos. Se hoje se reconhece o problema, resolva-se o problema", afirmou.
Catarina Martins, que falava no Comício "STOP Precariedade, STOP Pobreza" -- iniciativa que marca o fim da contra-cimeira do BE -, sublinhou que "palavras de ocasião e meias medidas que humilham mais do que resolvam, não chegam".
"O trabalho escravo tem de ser erradicado das estufas do Alentejo e em todo o país e qualquer pessoa, independentemente da cor da sua pele ou do passaporte que traz no bolso tem direito a uma vida digna neste país", defendeu, considerando que a pandemia "cavou mais fundo as desigualdades".
"A pandemia cava mais fundo as desigualdades e afeta desproporcionalmente as pessoas mais vulneráveis, onde ameaça a sua saúde a nega um dos direitos mais básicos", disse.
No final da semana passada, o Governo decretou uma cerca sanitária às freguesias de São Teotónio e de Almograve, no concelho de Odemira, devido à elevada incidência de casos de covid-19, sobretudo entre trabalhadores do setor agrícola.
Na altura, em conferência de imprensa após a reunião do Conselho de Ministros, o primeiro-ministro, António Costa, sublinhou que "alguma população vive em situações de insalubridade habitacional inadmissível, com sobrelotação das habitações", relatando situações de "risco enorme para a saúde pública, para além de uma violação gritante dos direitos humanos".
Na segunda-feira, fonte da Procuradoria-Geral da República (PGR) disse à Lusa que o Ministério Público de Odemira tem em curso 11 inquéritos sobre auxílio à imigração ilegal para efeitos de exploração laboral.
A mesma fonte acrescentou que todos os inquéritos "estão em investigação".
No mesmo dia, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) revelou que tem a decorrer 32 inquéritos em diversas comarcas do Alentejo, seis dos quais em Odemira, pelos crimes de tráfico de pessoas, auxílio à imigração ilegal e angariação de mão-de-obra ilegal.
Também na segunda-feira, o presidente da Câmara Municipal de Odemira, José Alberto Guerreiro, estimou que, "no mínimo, seis mil" dos 13 mil trabalhadores agrícolas do concelho, permanentes e temporários, "não têm condições de habitabilidade".
Leia Também: Catarina Martins diz que reduzir 15 milhões de pobres "não é um avanço"