"No passado enfrentámos divergências. Hoje, o tempo é de construir convergências. Apelo, assim, à coesão interna. Embora, com a salutar diferença de opinião e com o espírito crítico que nos caracteriza, mas com o respeito e sem discordâncias pessoais", afirmou, no discurso de apresentação da moção de estratégia global, com o título "Construir o Futuro", aprovada por unanimidade.
Artur Lima, líder da estrutura partidária desde 2007, apresentou a única candidatura à liderança regional do CDS-PP, que será votada no decorrer do congresso, mas em 2019 foi sujeito a críticas de vários dirigentes centristas, incluindo a então deputada centrista Graça Silveira, que passou a independente, e o presidente da Câmara Municipal das Velas, Luís Silveira, que chegou mesmo a anunciar uma candidatura à liderança no arquipélago.
Os centristas integram pela primeira vez um Governo Regional nos Açores, desde final de 2020, depois de o PS, que governava a região há 24 anos, ter perdido a maioria absoluta nas eleições legislativas regionais, abrindo caminho a uma coligação entre PSD, CDS-PP e PPM, apoiada por acordos de incidência parlamentar com Chega e Iniciativa Liberal.
Para Artur Lima, o CDS enfrenta "o maior desafio da sua história" nos Açores, por isso, os tempos que se avizinham "serão exigentes para o partido e requerem diálogo, união e convergência".
"A força interna do CDS-PP será a força motriz da nossa ação política na governação da região e na capacidade de captar eleitorado e novos quadros", frisou.
Para o dirigente centrista, o congresso que decorre em Angra do Heroísmo será "um marco na vitalidade interna e externa do CDS-PP", porque "fortalecerá o compromisso" assumido com os parceiros de coligação e "dinamizará a capacidade de propositura do partido nos órgãos de governo próprio da região".
Tal como escreveu na moção de estratégia global, Artur Lima defendeu a criação de acordos eleitorais autárquicos com os parceiros da coligação, agradecendo a disponibilidade "já reiterada" dos líderes do PSD e PPM regionais, para "ganhar mais câmaras [municipais] e mais juntas [de freguesia]" nos Açores.
O líder regional centrista acusou o PS de ter deixado os açorianos "confrontados com uma região sem rumo e com uma sociedade em crise de confiança", alegando que o CDS "nunca baixou os braços perante o socialismo centralista e estatizante".
"Desiludidos com as continuadas promessas e perante um horizonte sem correspondência com as proclamações do Partido Socialista, os açorianos quiseram interromper a inércia em que eram arrastados. Apontaram, assim, o caminho de um novo ciclo político para a região", afirmou.
Artur Lima defendeu que os partidos de direita deram um "sinal de responsabilidade" ao formarem uma coligação, porque estariam a "hipotecar" o futuro dos Açores e a ignorar "o sentido de voto expresso" pelos açorianos se não o tivessem feito.
"Temos, por isso, de ser capazes de responder, renovando a nossa união perante as adversidade, demonstrando que o que nos une é mais forte do que aquilo que nos separa e pondo o interesse dos Açores, clara e inequivocamente, acima de qualquer interesse partidário", sublinhou, apelando ao empenho de todos os militantes do partido.
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