"Este PRR tem alguns truques na manga do Governo, por isso é que o CDS exigiu ao Governo que votasse e discutisse o PRR na Assembleia da República, de modo a que o país compreendesse que contrapartidas é que estão associadas para a libertação destes fundos", afirmou Francisco Rodrigues dos Santos.
O líder do CDS-PP disse também que "o Governo uma vez mais escolheu uma agenda de ocultação dos portugueses dessas exigências e condições, com cláusulas escondidas, o que levanta ainda mais dúvidas sobre a utilidade e a eficiência destes fundos".
O democrata-cristão falava aos jornalistas no final de uma reunião com a associação empresarial COTEC, em Lisboa.
Na ocasião, Rodrigues dos Santos voltou a criticar a distribuição dos fundos do PRR, classificando este mecanismo como um "guião para a estagnação económica do país" e uma "oportunidade perdida".
"A iniciativa privada continua a ter um papel secundário face ao Estado, sendo que a máquina pública acabará por absorver a esmagadora maioria dos dinheiros que virão de Bruxelas", lamentou.
Para o CDS, é necessário "maior escrutínio e maior fiscalização, contra uma ideia do Governo que se acha dono do país e dos dinheiros públicos e não tem de prestar cavaco nem dar satisfações aos portugueses".
"Mas isto, enfim, é o Partido Socialista no seu melhor", criticou.
O líder centrista defendeu ainda que "este modelo económico, este desígnio nacional de que Portugal quer estar na dianteira da Europa ao nível da sustentabilidade e da eficiência energética tem que ser traduzido" aos empresários.
"O Governo tem que explicar a estas empresas de que forma é que, consumindo energias renováveis, aumentando a sua eficiência energética e a transição digital e reduzindo o resíduo da sua produtividade, podem tornar-se empresas com um volume de negócios maior, aumentarem as suas exportações e criarem mais riqueza", especificou.
Apontando que as empresas portuguesas "precisam de perceber como é que se inserem nesta cadeia de valor para se tornarem eficientes do ponto de vista digital e para fazerem essa tal transição ambiental", Francisco Rodrigues dos Santos salientou que, "se isto não passar de chavões e as empresas não conhecerem que instrumentos é que estão à sua disposição", isto "não vai servir para rigorosamente ninguém".
Portugal foi o primeiro Estado-membro da União Europeia a entregar a versão final do PRR à Comissão Europeia, num total de 16,6 mil milhões de euros, dos quais 13,9 mil milhões de euros dizem respeito a subvenções a fundo perdido.
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