"Nestas eleições do Porto em 2021, o PSD tem uma responsabilidade acrescida. O PS desistiu de ganhar o Porto, porque António Costa [líder do PS], na prática, apoia Rui Moreira [independente e atual presidente da Câmara] e, por isso, o PS nesta eleição vai apenas fazer figura de corpo presente", disse Rui Rio.
No Porto, e numa cerimónia dedicada à candidatura de Vladimiro Feliz à Câmara nas autárquicas deste ano, Rui Rio acusou o PS, que ainda não apresentou candidato, de "só querer dificultar a vida ao PSD".
"O principal objetivo de António Costa não é ganhar o Porto, é dificultar ao máximo uma possível vitória do PSD aqui no Porto", observou.
Para Rio, "era mais transparente que o PS resolvesse frontalmente dar o seu apoio [a Moreira], tal como já outros partidos o fizeram, do que se esconder atrás de uma candidatura fraca".
"Quando eu era miúdo, dizia-se: jogar com uma equipa de reservas. Mas é assim porque falta coragem e frontalidade ao PS", referiu.
Para o presidente dos sociais-democratas "pesa sobre o PSD a responsabilidade de derrotar um emaranhado de interesses partidários diretos e indiretos que sob a capa de uma pseudo-independência se candidata à Câmara do Porto".
Rio garantiu que o PSD tem "por todo o país excelentes candidatos", sendo que alguns têm notoriedade pública e outros o reconhecimento local, sendo que "o candidato do Porto não é exceção".
"É um candidato que tem o reconhecimento local. Se forem ao Algarve não o conhecem na rua, é verdade. Se forem a Bragança não o conhecem na rua. Mas no Porto, quem está atento ao que foi feito na cidade, conhece o candidato que temos porque ele já deu provas, já mostrou que é capaz", apontou.
Ainda sobre Vladimiro Feliz, que foi vice-presidente de Rio na Câmara do Porto, o líder do PSD observou que este conhece bem a cidade, tem uma visão para o futuro e obra feita, destacando vários projetos, nomeadamente os ligados à área digital.
"É competente e sabe gerir a cidade. Não vai fazer das ruas uma floresta de pilaretes, nem vai destruir o trânsito com ciclovias mal desenhadas", assegurou.
"É trabalhador. Não quer ser presidente do Porto por vaidade, quer trabalhar pelo Porto, vai preocupar-se mais em trabalhar do que aparecer constantemente na televisão", acrescentou.
Rio referiu ainda que o candidato do PSD à Câmara do Porto "é sério".
"Durante os sete anos em que teve poder na Câmara nunca se aproveitou do lugar de vice-presidente ou de vereador para fazer negócios em seu benefício pessoal ou da sua família. O Vladimiro Feliz é confiável", disse o líder do PSD, que presidiu à Câmara do Porto durante três mandatos e deixou de se recandidatar, altura em que Moreira foi eleito.
Já Vladimiro Feliz, cuja candidatura pelo PSD foi oficializada a 23 de março e hoje, no salão nobre da Alfândega do Porto, prometia apresentar linhas gerais do seu programa - como anunciava o convite de agenda -, fez um discurso com recados à liderança atual da autarquia.
"A meio, ficaram as negociações com Lisboa em questões fundamentais para o Porto, como seja o dossier TAP ou o INFARMED. Ficar a meio é não se entregar por inteiro aos assuntos da cidade", disse Vladimiro Feliz.
"Não queremos, só, uma cidade para inglês ver, queremos uma cidade para o portuense viver, estudar, trabalhar e investir", acrescentou.
O candidato disse que o Porto "precisa de novas abordagens e novas disciplinas para pensar o desenvolvimento urbano de uma forma integrada, ecológica, inteligente e sustentável", referindo que "o paradigma mudou e o Porto, tem por isso, de saber responder ao presente e preparar o futuro, potenciando o que existe, desenhando a cidade a partir das pessoas e para as pessoas".
Vladimiro Feliz prometeu "uma verdadeira resposta de combate ao abandono escolar", bem como "privilegiar a qualificação, a geração de emprego, a autonomia e dignidade pessoal dos cidadãos" e, entre outros temas, destacou a aposta "numa estratégia de mobilidade de nova geração, pensada a partir da procura, que garanta níveis de serviço que façam do transporte publico uma verdadeira opção para os portuenses".
A Câmara do Porto é liderada pelo independente Rui Moreira, cujo movimento elegeu sete mandatos nas autárquicas de 2017, aos quais se somam quatro eleitos do PS, um do PSD e um da CDU.
Além do candidato do PSD, são já conhecidas as candidaturas de Ilda Figueiredo (CDU), Sérgio Aires (Bloco de Esquerda), Diogo Araújo Dantas (PPM) e André Eira (Volt Portugal).
As eleições autárquicas têm de ser marcadas pelo Governo para entre 22 de setembro e 14 de outubro.
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