Na véspera da XII Convenção Nacional do BE, em entrevista à agência Lusa, a líder bloquista acusa a direita de, "em processo de reconfiguração", não dialogar com o país.
"Rui Rio aparece colado à extrema-direita num desespero incompreensível o que significa que desistiu sequer de disputar a maioria no país", critica.
Para Catarina Martins, é "claramente perigoso" para uma democracia que cresça o discurso violento, antidemocrático e de ódio como está a acontecer em Portugal, avisando, no entanto, que "uma maioria social não se disputa nesse campo", mas sim "com soluções para o país".
"A direita está fora dessa disputa e, neste momento, está muito longe de ter qualquer maioria no país, qualquer solução de chegar ao Governo. Portanto a esquerda, sim, tem essa responsabilidade de desenhar o programa", defende.
A líder do BE lamenta que não se reconheça o perigo da direita tradicional abrir "a porta ao discurso antidemocrático" e deixa claro que "Rui Rio não faz favor nenhum a ninguém" quando opta por esta aproximação à extrema-direita.
Ainda no campo da direita, Catarina Martins foi questionada sobre o arranque do segundo mandato de Marcelo Rebelo de Sousa como Presidente da República, admitindo que viu "com alguma apreensão algumas decisões recentes" como a visita à Guiné-Bissau num momento em que "a situação democrática não é reconhecida internacionalmente nem pode ser".
"Espero que possa haver um diálogo institucional que respeite os princípios da democracia, dos direitos humanos em Portugal e fora de Portugal porque acho que o Presidente da República assumiu nalgumas matérias essas obrigações e quando o faz, faz bem. Não deve abdicar desses princípios", apela.
Para a coordenadora bloquista, Marcelo Rebelo de Sousa é e sempre foi "um presidente de direita".
"Julgo que teve um papel institucional de normalização de relações institucionais depois de Cavaco Silva ter deixado uma situação de crispação que era absurda e que não ajudava ninguém no país, não ajudava a democracia", admite.
No entanto, para Catarina Martins é evidente que o Presidente da República "manteve sempre a sua agenda de direita".
"Desse ponto de vista, eu diria que um Governo que não negoceie à esquerda acaba por ser mais próximo de Marcelo Rebelo de Sousa", adverte.
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