Adão Silva arrancou a intervenção do PSD no debate do estado da nação - em substituição do presidente Rui Rio, ausente devido à morte de um familiar - com um elogio aos portugueses durante a pandemia de covid-19, mas também aos profissionais de saúde e todos os que estiveram na linha da frente.
"Os portugueses têm sido valentes, corajosos, mas o Governo, apesar dos milhões que aqui anunciou apresenta-se como um Governo cansado e desgastado. Um Governo que, pressente-se pelas imensas trapalhadas, não tem mão para reerguer o país", criticou.
Na saúde, Adão Silva incluiu o PSD entre os fundadores do Serviço Nacional de Saúde - "Somos fundadores do SNS, estamos com o SNS" -, numa declaração que mereceu de imediato apartes das bancadas da esquerda.
"Porventura será por cansaço que o ouvi dizer a maior trapalhada que me lembro de ter ouvido nos últimos tempos na Assembleia da República, esta ideia bizarra de que o partido que foi o maior inimigo do SNS dizer que é fundador do SNS", criticou, na resposta, António Costa.
O primeiro-ministro referiu que o PSD "votou contra a criação do SNS" e voltou, mais recentemente, a ser contra a atual Lei de Bases da Saúde.
"Ainda bem que as férias estão a caminho porque merece descanso e precisa de descanso", rematou Costa.
Na área da saúde, o líder parlamentar do PSD tinha apontado a "falta de investimento no passado recente e mais antigo" e a falta de mobilização de funcionários, questionando o primeiro-ministro quando vai atingir a meta de ter todos os portugueses com médico de família, quando hoje são mais de um milhão os que o não têm.
"Como é que vai reerguer o país e vai chegar à tal libertação?", questionou.
Adão Silva criticou ainda o primeiro-ministro por, na sua intervenção inicial, ter elogiado as empresas e os empresários, mas, na visão do PSD, não lhes dar os recursos necessários.
"Fez bem em elogiar as empresas, mas há que bater a bota com a perdigota", disse, considerando que na chamada 'bazuca' europeia houve uma "distribuição minoritária" de fundos para as empresas.
Também neste capítulo, o primeiro-ministro contestou a posição do PSD, apelando ao partido que "não engane as empresas" sobre as verbas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
"Desde logo, 11 mil milhões de euros são dirigidos a encomendas às empresas", afirmou Costa, somando a estes valores os apoios previstos para a descarbonização e dizendo que serão as empresas "as grandes beneficiárias" dos investimentos que o Estado vai fazer na diminuição dos custos de contexto e na formação de recursos humanos.
"Recomendo-lhe também, para além das férias, que arranje um intervalinho para ler o PRR e quando voltar em setembro já saberá do que esta a falar", disse.
O primeiro-ministro reiterou os elogios à forma como as empresas conseguiram resistir à crise, com a contenção do desemprego, e um aumento das exportações no primeiro semestre comparativamente a 2019.
"É por isso que não temos regateado esforços para apoiar as empresas. O total dos apoios às empresas desde o início da crise foi de 5.428 milhões de euros em apoios diretos e 12.694 milhões de euros em linhas de crédito, partes delas não reembolsáveis", salientou.
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