Em entrevista hoje publicada pelo semanário Expresso, António Costa explica que "continua a ser totalmente justificável a atual estrutura [do Governo], porque o esforço que vai implicar a execução do Plano de Recuperação e Resiliência, mais o Portugal 2030, mais a execução do programa do Governo, não aconselham a qualquer mudança na estrutura, pelo contrário", dada a necessidade de os ministros se concentrarem na aplicação dos fundos.
De acordo com o governante, os ministros devem concentrar-se "a 200% na execução das suas tarefas", depois de todos os instrumentos estarem aprovados.
"Não tenho neste momento no horizonte nenhuma remodelação", reiterou António Costa, assegurando que "a única que está prevista é da atual secretária de Estado dos Assuntos Europeus".
A secretária de Estado Ana Paula Zacarias sairá para regressar à carreira diplomática no próximo movimento diplomático, adiantou o primeiro-ministro.
"Tenho muita pena. Foi uma excecional secretária de Estado dos Assuntos Europeus, peça fundamental da nossa presidência, mas é uma diplomata de mão-cheia, é legítimo que queira concluir a sua carreira diplomática", sustentou.
António Costa lembrou que "as remodelações se fazem quando são necessárias, não propriamente quando os comentadores ou as sondagens o dizem", garantindo que Ana Paula Zacarias sairá para além do mês de setembro.
Sobre o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, que ficou marcado pela polémica festa do campeonato de futebol do Sporting, António Costa escusou-se a tecer muitos comentários, dizendo apenas que "ninguém é insubstituível" e que, em jeito de provocação, o que tem "visto a ser discutido é a remodelação da oposição".
António Costa acrescentou que o tema da celebração do campeonato não foi discutido entre os dois.
"Não foi nem tinha de ser. Houve um trabalho que foi feito entre o clube, o município, as forças de segurança sobre a forma como deviam decorrer", afirmou.
Questionado sobre "um virar de página" no atual governo, numa altura em que se aproximam os 85% de imunidade de grupo, o primeiro-ministro explicou que quando isso acontecer será em outubro e terá a ser discutido o Orçamento do Estado (OE) para 2022.
"Tenho a certeza e os ministros estão ocupado a concluir e a verem aprovado o seu orçamento e prontos para o executar", realçou.
Ao Expresso, António Costa defendeu ainda que tem sentido "uma enorme energia" no Conselho de Ministros, em relação à execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e do Portugal 2030.
"O que o país pede é que prossigamos o trabalho que temos vindo a fazer de combater a pandemia, que se concentre em apoiar este esforço extraordinário que as empresas e os trabalhadores têm feito para enfrentarmos a crise económica. Temos de nos concentrar nisso e não com casos e casinhos", sublinhou.
Sobre o combate à pandemia, Costa refere que não tem "nenhum indicador que justifique" considerar a vacinação obrigatória para profissionais de saúde e lares, como acontece em França, argumentando que os "níveis de recusa são mínimos" entre a população.
"Acho que não devemos quebrar aquilo que é a nossa regra, que tem funcionado bem ao longo de décadas e durante esta pandemia. Os níveis de recusa de vacinação são mínimos. E mesmo aqueles que se recusaram a vacinar-se, presumo que estejam arrependidos", realçou Costa, apontando o dedo a André Ventura, líder do partido Chega.
Questionado sobre se os portugueses vão deixar de pagar os testes de covid-19 brevemente, como se faz na Alemanha, o governante disse que é "prematuro" especular.
"Vamos ter de ir adequando as medidas de acordo com o que é a evolução da pandemia", sustentou.
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