"É com imensa apreensão que vemos o que está a acontecer e tudo isto devia mudar muito a política internacional. Devemos agora acudir muito rapidamente, o melhor que pudermos, a quem precisa e é preciso, seguramente deixar de financiar o ódio e o terrorismo islâmico e os talibãs que são financiados pelos regimes e pelos negócios amigos, precisamente dos aliados que também invadiram o Afeganistão", disse Catarina Martins.
A líder bloquista disse que no partido estão "naturalmente muito preocupados" com o que está a acontecer no Afeganistão, "em particular, com a situação das mulheres afegãs, das meninas afegãs".
"Achamos que Portugal, neste momento, deve fazer a sua parte para receber refugiados e refugiadas. A Câmara de Lisboa, o Bloco de Esquerda, pelos Direitos Sociais garante que, chegando, estão condições reunidas para receber quem chegue. Agora é preciso que as pessoas possam chegar em segurança e esse é, realmente, a enorme preocupação que temos neste momento", admitiu.
A coordenadora nacional do BE, que falava aos jornalistas em Mortágua, à margem de uma visita à escola de cães-guias para cegos, afirmou que "não foi feito o que era preciso até agora", desde a invasão do Afeganistão, até ao momento.
"A invasão foi um crime de guerra, ou seja, invadiu-se um país para procurar um terrorista, o que é absolutamente desproporcional. A invasão foi feita num país e depois não teve em conta as próprias condições de vida da generalidade da população e isso prova-se com a força que os talibãs, grupo extremista, subjuga o povo afegão", apontou.
Neste sentido, considerou que "se os talibãs tivessem investido nas condições de educação, de saúde, de emancipação, de emprego do povo afegão não teriam o poder que têm agora" no Afeganistão.
"Continuam negócios, milhões e milhões que foram gastos, armamento que é entregue aos talibãs. O negócio do ópio que só cresceu durante todo o período da invasão e, portanto, foi tudo um desastre", acusou.
No seu entender, "esta retirada é também um desastre", por parte dos militares norte-americanos, uma vez que, para Catarina Martins, "deixa-se na mão aquelas pessoas que ajudaram, ainda por cima, as tropas que lá estiveram".
Uma explosão ocorreu hoje junto ao aeroporto de Cabul, indicou o porta-voz do Pentágono, John Kirby. Duas fontes militares norte-americanas confirmaram hoje à agência AP que 11 fuzileiros dos Estados Unidos ('marines') e um médico da Marinha foram mortos no ataque desta tarde em Cabul.
A fonte não acrescentou mais pormenores, mas o número agora apontado é superior aos quatro fuzileiros norte-americanos que tinham sido anunciados durante a tarde pelo Washington Post, citando uma comunicação do embaixador dos EUA no Afeganistão.
A BBC, por seu turno, cita fontes médicas para colocar o número de mortos em 60, a que se juntam pelo menos 140 feridos, mas não especifica quantos são norte-americanos e quantos são afegãos.
Segundo testemunhas que se encontravam junto de um dos principais portões onde se aglomeram milhares de pessoas, a explosão terá matado e ferido vários afegãos.
Autoridades norte-americanas citadas por vários meios de comunicação social dos EUA indicam que se tratou de um atentado suicida e diversas testemunhas falam em vítimas mortais e diversos feridos entre a população afegã.
O ataque ocorreu junto a um dos portões do aeroporto de Cabul, onde se aglomeram milhares de afegãos, que procuram fugir do seu país antes do final da ponte aérea para a evacuação do Afeganistão.
Leia Também: Merkel condena ataque "absolutamente desprezível" em Cabul