"Não é admissível até porque estamos perante uma câmara que é rica, a Câmara de Lisboa é rica", afirmou a candidata do PAN aos jornalistas, durante uma visita à Quinta do Ferro, na freguesia de São Vicente, um bairro localizado nas imediações do largo da Graça.
Manuela Gonzaga considerou a Quinta do Ferro, numa das zonas de Lisboa que mais atraiu turismo nos últimos anos, um caso "completamente irónico" e disse que "este bairro é uma das agendas do PAN e representa tudo aquilo" que o partido considera "inaceitável" na cidade.
"Estamos aqui a falar com pessoas que estão há anos a tentar reabilitar o que é possível ainda reabilitar e chamar a atenção para atropelos imensos aos Direitos Humanos porque vimos como é que estas pessoas vivem", afirmou.
"Dá quase a sensação de que o ideal era que as pessoas ficassem mergulhadas numa miséria tamanha, mas tamanha, que por um motivo ou por outro acabassem por ter mesmo de se ir embora. [...] Dá a sensação de que por uma forma ou por outra se quer expulsar pessoas que estão a interferir com projetos mais ou menos megalómanos, ou seja o que for, para isto ficar livre e se fazerem aqui outro tipo de projetos. Isto é uma tese, mas não nos parece desajustada de todo", afirmou.
Acompanharam esta visita membros da Associação Amigos da Quinta do Ferro, que junta moradores e proprietários e que apresentou, em conjunto com a cooperativa 'Trabalhar com os 99%', um projeto de reabilitação do bairro à câmara em 2017, mas que não foi até agora aprovado.
Já este ano, a câmara realojou perto de 20 famílias e intimou proprietários a fazerem obras, naquilo que os membros da associação consideraram hoje ter sido "ameaças".
"Tem de se resolver o irresolúvel aparentemente. O que estamos a perceber é as pessoas não são recebidas pela câmara, andam a ser chutadas de pelouro em pelouro, de gabinete em gabinete", afirmou a candidata do PAN que ouviu os membros da associação contarem casos de demora na aprovação de obras dos proprietários da Quinta do Ferro em contraste com outros, colados ao bairro, que se concretizam em pouco tempo.
"Vemos uma câmara que tem dois pesos e duas medidas e duas velocidades. Há uma velocidade para um determinado tipo de investidores, sejam eles quais forem, e há outra velocidade que é o parado, paradinho e imóvel", afirmou Manuela Gonzaga.
Além de Manuela Gonzaga, concorrem à Câmara de Lisboa, atualmente liderada pelo PS, Fernando Medina (coligação PS/Livre), Carlos Moedas (coligação PSD/CDS-PP/PPM/MPT/Aliança), João Ferreira (CDU), Beatriz Gomes Dias (BE), Bruno Horta Soares (IL), Tiago Matos Gomes (Volt Portugal), Nuno Graciano (Chega), João Patrocínio (Ergue-te), Bruno Fialho (PDR), Sofia Afonso Ferreira (Nós, Cidadãos!) e Ossanda Liber (movimento Somos Todos Lisboa).
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