O Presidente do PSD garante que não foi chamado pelo Presidente da República, que hoje afirmou que tinha feito "diligências complementares para ver se era possível chegar a um entendimento" sobre a proposta de Orçamento para o próximo ano.
Questionado pelos jornalistas, no final do primeiro dia de debate, na generalidade, da proposta do Governo de Orçamento do Estado para 2022, Rui Rio disse não ter conhecimento de que essas diligências tenham sido feitas junto de deputados do seu partido e garantiu que não foram feitas consigo, até porque a decisão do PSD "está tomada".
"Comigo, para viabilizar o orçamento, o Presidente da República não falou, porque sabe que não vale a pena. Era tempo perdido", declarou.
Questionado sobre como avalia esta atuação do Presidente, o líder do PSD considera que são legítimas, desde que tenham acontecido junto das direções dos partidos. "Se o fez junto de direções de partidos, acho que é legítimo. Se fez avulsamente, aqui e acolá, já não me parece a forma mais ortodoxa de atuar, mas não posso comentar o que não sei", sublinhou.
"Embora se a ideia do senhor Presidente da República fosse o orçamento passar cedendo ao BE e PCP, aí estou em discordância. Acho que é melhor para o país este Orçamento não passar, haver uma clarificação e eleições antecipadas", disse.
Quanto ao voto do PSD, Rio garantiu que a "posição está tomada" e afasta uma possível abertura do PSD/Madeira para negociar: "A Madeira não está à venda", assegurou.
"Foi essa a garantia que me foi dada [não haverá votos diferentes por parte do PSD Madeira]", sublinhou o líder do partido.
Questionado ainda sobre o facto de o Presidente da República ter recebido, esta tarde, em Belém, Paulo Rangel, como dá conta o site da Presidência da República, Rio mostrou-se surpreendido e disse não ter conhecimento do encontro.
Por fim, o presidente social-democrata reiterou que, se o país for a eleições antecipadas, "a responsabilidade é da esquerda como um todo": PS e Governo têm essa responsabilidade por se terem "acantonado" ao Bloco de Esquerda e ao PCP; e os partidos à esquerda "têm a responsabilidade de estar a pedir aquilo que é completamente impossível de ser dado".
Se o Governo desse ao PCP e ao BE ou a um dos dois aquilo tudo que eles estão a pedir, era absolutamente dramático para Portugal. Por isso tenho que atribuir as responsabilidades de forma justa"
Ainda assim, Rio não vê outra hipótese senão partir para eleições antecipadas, ainda que sem António Costa à frente do PS.
"Não se demite e quer governar como?", questionou. "A instabilidade está criada a partir do momento em que a maioria parlamentar que se criou chegou ao fim."
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