"Para agradar à esquerda radical, o primeiro-ministro, António Costa, resolveu agravar ainda mais a sua já enorme dependência, dizendo que no dia em que precisasse do voto do PSD para fazer aprovar um Orçamento do Estado, o seu Governo se demitiria", recordou Rui Rio, na intervenção de encerramento do debate na generalidade do Orçamento do Estado para 2022.
Rio admitiu que, "para poder sonhar com uma negociação com o PSD, o Governo teria de mudar o rumo da política económica em 180 graus".
"Mas dizer o que disse, só enfraqueceu a sua posição negocial e só contribuiu para o país ficar mais perto da ingovernabilidade", acusou.
O presidente do PSD reiterou, como tinha feito no discurso de abertura, que o PS se radicalizou e "ultrapassou inequivocamente, as linhas vermelhas que o seu próprio fundador, Mário Soares, sempre traçou e respeitou", o que mereceu alguns protestos da bancada do PS.
"O Presidente da República avisou, em devido tempo, que o chumbo do Orçamento tinha de significar eleições antecipadas o mais rapidamente possível, porque temos de minorar os riscos, não só, de nos atrasarmos economicamente cada vez mais, como também de evitar perder uma parte do PRR, que tem um tempo muito escasso para a sua utilização plena", salientou.
No entanto, lamentou, "de nada serviram esses avisos".
"Os intervenientes estavam intransigentemente mais interessados em medir os ganhos e perdas partidárias, do que colocar o interesse nacional acima de qualquer outro. Por evidente esgotamento parlamentar, o país encontra-se perante uma crise política, que quanto mais tempo durar pior será para Portugal", afirmou.
Tal como fez o PSD ao longo do debate, Rui Rio fez questão de sublinhar que o partido "em nada" contribuiu para esta crise e só podia votar contra um Orçamento que "vai exatamente no sentido contrário" do que o partido defende.
"A responsabilidade é toda à nossa esquerda, que, ao longo dos tempos, se entendeu e desentendeu da forma como muito bem quis", apontou.
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