O Conselho Nacional do CDS-PP está reunido, por videoconferência, desde cerca das 19:00 de sexta-feira, uma reunião extraordinária convocada de urgência para discutir o possível adiamento do congresso eletivo marcado para 27 e 28 de novembro.
Numa das intervenções perante os conselheiros, Nuno Melo, que é candidato à liderança do CDS-PP, a par do atual presidente, Francisco Rodrigues dos Santos, criticou o presidente do Conselho Nacional por não ter dado conhecimento aos conselheiros, no início da reunião, da decisão do Conselho Nacional de Jurisdição (CNJ), considerando que "o que aconteceu não foi transparente e claro, foi profundamente obscuro e perverso".
De acordo com relatos feitos à Lusa por centristas que assistem à reunião, Nuno Melo acusou o presidente do órgão máximo entre congressos, e vice-presidente da Câmara de Lisboa, de querer fazer "no CDS o que Arnaldo Matos não foi capaz de fazer no PCTP/MRPP" e disse-se "envergonhado" pela situação a que chegou o partido.
O CNJ decidiu "dar provimento à impugnação apresentada" por Nuno Melo - que contestou a antecedência com que foi convocada a reunião - e "considerar nula e sem qualquer efeito a convocatória do Conselho Nacional", segundo um documento a que a Lusa teve acesso.
O candidato à liderança comentou também o anúncio de Filipe Anacoreta Correia aos jornalistas -- que admitiu propor aos conselheiros uma nova reunião para ratificar as decisões que sejam tomadas -- e salientou que o que é nulo "não pode ser ratificado" mais tarde.
Na resposta, o presidente do Conselho Nacional acusou Nuno Melo de usar "expressões totalmente deprimentes e desadequadas".
Filipe Anacoreta Correia apontou também que a decisão do CNJ "não está sequer justificada" e salientou que os conselheiros votaram pela continuação da reunião desta noite.
Ao longo da noite, segundo contaram à Lusa as mesmas fontes, o líder parlamentar do CDS-PP, Telmo Correia, lamentou que o partido "não respeita sequer as decisões do seu próprio tribunal" e disse que Francisco Rodrigues dos Santos "tem medo do congresso", porque quando o antecipou "era urgente", mas agora que "viu que tinha uma adversário e que esse adversário reunia apoios, já não quer" eleições internas.
Considerando que "não é admissível que se atropele a democracia e destrua o partido em nome disso", Telmo Correia garantiu que vai "até às últimas consequências".
O antigo ministro Pedro Mota Soares juntou-se às críticas ao presidente do Conselho Nacional, considerando nunca ter visto "uma condução vergonhosa de trabalhos" e acusando-o de não deixar Nuno Melo pronunciar-se, tendo falado em "atropelo democrático".
Por seu turno, o presidente da distrital de Lisboa do CDS-PP considerou que Rodrigues dos Santos está "perdido, desesperado, nervoso" e defendeu a manutenção do congresso, falando em "suspensão da democracia interna do partido" e "medo de ir a votos", a par de "subversão das regras democráticas".
Segundo contaram à Lusa alguns conselheiros centristas, o presidente do partido dirigiu-se aos críticos dizendo-lhes "tenham vergonha do que estão a fazer", pois "não vale tudo", e acusou-os de quererem perpetuar um clima de "instabilidade, caos e ofensas diárias".
Francisco Rodrigues dos Santos defendeu o cancelamento do congresso previsto para Lamego e defendeu que o "calendário do país assim o ditou", na sequência do 'chumbo' do Orçamento do Estado.
O líder mostrou-se convicto de que, se estivessem na direção, os opositores "fariam exatamente a mesma coisa".
O também recandidato à liderança deixou um aviso: "eu não tenho medo nenhum de vocês, nunca tive" e disse estar "convencidíssimo" da vitória no congresso.
E acusou os críticos de criarem "terrorismo" na comunicação social, tendo condenado "as mentiras que conseguem propagar, a falta de vergonha que têm".
Leia Também: CDS quer eleições legislativas "o quanto antes". "País não pode esperar"