"Enquanto alguns dos nossos melhores saem, porque já não aguentam ver o CDS, partido fundador da democracia em Portugal, transformado num espaço de ilegalidades, arbitrariedades, censura e saneamentos praticados para que os militantes não se possam pronunciar em Congresso e pela caridade do PSD, um pequeno grupo possa ascender ao parlamento com o partido feito em ruínas, no largo do Caldas abrem-se garrafas de champanhe e dão-se conferências de imprensa para justificar uma reunião do Conselho Nacional que o Tribunal do partido declarou nulo", escreveu Nuno Melo, numa publicação na rede social Facebook.
Na mesma mensagem, o candidato à presidência do partido apelou aos militantes para que "por favor não se desfiliem", como fizeram Adolfo Mesquita Nunes, ou António Pires de Lima.
"Lutem do meu lado. O tempo só pode ser de revolta e de indignação. O CDS não é o que o golpe institucional em curso revela. E o CDS merece muito melhor", acrescentou o centrista.
António Pires de Lima anunciou a sua desfiliação no mesmo dia em que o ex-secretário de Estado do Turismo Adolfo Mesquita Nunes também o fez, assim como a antiga deputada do CDS-PP Inês Teotónio Pereira e o ex-dirigente nacional centrista João Maria Condeixa.
Na noite de sábado, Nuno Melo anunciou que vai pedir a nulidade das deliberações do Conselho Nacional que decorreu sexta-feira, considerando que aquela reunião foi "o último ato da maior indignidade" da história do partido.
"Nós assistimos ontem [sexta-feira] ao último ato da maior indignidade cometida em 47 anos na história do CDS. Um golpe porque um líder que tem medo do voto dos militantes recorre ao que seja para se manter no poder", afirmou hoje Nuno Melo, no Porto, em conferência de imprensa para reagir à decisão do Conselho Nacional de adiar o congresso do CDS para depois das eleições legislativas.
Segundo o candidato à presidência do CDS-PP, "a consequência imediata da deliberação nula de um Conselho Nacional que não podia ter acontecido implica que o presidente do CDS, sem se legitimar em congresso, vai a votos não tendo mandato (o mandato de Francisco Rodrigues dos Santos acaba a 25 de janeiro)".
"Hoje [sábado] mesmo remeterei ao Conselho Nacional de Jurisdição, que já tinha declarado nula a convocatória para a reunião de ontem, uma impugnação para que, em coerência, todas as deliberações ontem tomadas sejam por isso nulas, e sendo nulas, com a urgência possível sejam realizadas as eleições para os delegados ao congresso para que esse congresso seja aconteça no momento já previsto de 27 e 28 de novembro", adiantou.
Sobre as eleições para a liderança do CDS, Nuno Melo considerou que está a ser um "jogo viciado" desde o primeiro dia.
"Negaram-nos cadernos eleitorais, proibiram-nos de ter fiscais em mesas de voto, fizeram centenas de transferências de militantes em cima do momento eleitoral, construirão concelhias assentes em pessoas que não eram desses concelhos, para nisso forjar uma ou outra inerência, aceitaram lista de delegados entregues fora do prazo, mudaram nomes em listas entregues, substituíram senadores incontornáveis na vida do CDS", enumerou.
Nuno Melo acusou ainda Francisco Rodrigues dos Santos de querer fazer do CDS "uma espécie do PEV da direita, aceitando uma esmola de quatro ou cinco deputados, um dos quais, obviamente, o atual presidente do partido que concretizará talvez o seu sonho de vida, mesmo quando a direção do PSD confessa que a coligação com o CDS será uma coligação feita por caridade".
Para o eurodeputado "nunca o CDS bateu tão fundo", garantindo que mesmo assim não irá deixar de ser militante do partido: "Eu não saio, se estão à espera que eu me demita estão muito enganados", afirmou.
Leia Também: Uma mão cheia de baixas. O retrato de um sábado 'negro' para o CDS