O candidato à liderança do CDS-PP Nuno Melo acusou, na noite desta segunda-feira, o presidente do partido, Francisco Rodrigues dos Santos, de agir "como um miúdo que está a perder o jogo e leva a bola para casa" e anunciou que milhares de militantes estão a subscrever um documento a pedir para que o Congresso se realize.
Em entrevista à Edição da Noite da SIC Notícias, o eurodeputado assegurou estar disponível para falar com o adversário, mas insistiu que a "pacificação do partido" passa por manter o Congresso a 27 e 28 de novembro.
"Se persistirem nisto, vão ter o CDS em fase pré-revolucionária", indicou.
Recorde-se que o Conselho Nacional do partido que teve lugar na sexta-feira à noite – e onde, apesar da impugnação do Conselho Nacional de Jurisdição da reunião, foi aprovado o adiamento do Congresso do partido, que iria ter lugar a 27 e 28 de novembro e onde a presidência atual de Francisco Rodrigues dos Santos ia ser disputada pelo eurodeputado Nuno Melo.
Para Nuno Melo, a decisão consistiu numa atitude de "miúdo que está a perder o jogo e leva a bola para casa" e numa estratégia "que passa por caminhar por baixo da asa do PSD".
O candidato acusa Rodrigues dos Santos e o presidente da mesa do Conselho Nacional do CDS-PP, Anacoreta Correia, de "violarem prazos" e "fazerem batota" para o impedir de ir a votos e para "poderem dizer ao Presidente da República que a situação no CDS estava resolvida".
Neste momento, os militantes que estão revoltados estão a subscrever um documento, por sua iniciativa, para que o congresso se realize."
Nuno Melo recorda que já pediu a nulidade das deliberações do Conselho Nacional que decorreu sexta-feira para que, assim, sejam realizadas as eleições internas do partido.
Sobre as várias desfiliações - entre as quais a do ex-ministro da Economia António Pires de Lima e a de Adolfo Mesquita Nunes - Nuno Melo classificou o passado sábado como "o dia mais negro da história do CDS" e voltou a apelar aos militantes para que não saiam do partido. "Fiquem e resistam", pediu.
Para o candidato, sair "não é a melhor forma de resolver crises internas", mas compreende que muitos militantes "não estão disponíveis para viver aquilo que se viu", que classifica como "batota" e como "uma violação" das decisões do tribunal do partido.
O candidato à liderança dos centristas reiterou ainda que, caso seja eleito, vai pedir a cada um dos militantes que abandonou o CDS nos últimos dias para que volte a filiar-se e defendeu, ao contrário de Mesquita Nunes, que a situação interna "é revertível" porque o partido "é muito grande, com grandes quadros".
"Respeito muito a decisão do Adolfo, mas não concordo com ela", apontou Nuno Melo.
António Pires de Lima anunciou a sua desfiliação no mesmo dia em que o ex-secretário de Estado do Turismo Adolfo Mesquita Nunes também o fez, assim como a antiga deputada do CDS-PP Inês Teotónio Pereira e o ex-dirigente nacional centrista João Maria Condeixa.
[Notícia atualizada às 23h59]
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