Montenegro criticado por declarações sobre violência doméstica. "Asneira"

O primeiro-ministro foi alvo de críticas por parte do PS e Bloco de Esquerda.

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© Horacio Villalobos#Corbis/Corbis via Getty Images

Notícias ao Minuto
25/11/2024 22:25 ‧ 25/11/2024 por Notícias ao Minuto

Política

Luís Montenegro

O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, criticou esta segunda-feira o primeiro-ministro, Luís Montenegro, por o governante ter afirmado que o aumento dos casos de violência doméstica se deve ao facto de haver mais denúncias e não a um "aumento real".

 

"O cidadão Luís Montenegro tem o direito de achar coisas, mas a um primeiro-ministro exige-se menos ligeireza e mais respeito pelos factos, especialmente quando falamos de violência exercida sobre mulheres", começou por escrever Pedro Nuno no X (ex-Twitter).

Depois, o socialista apontou números da Polícia Judiciária (PJ) e de mulheres assassinadas no país em 2024.

"A Polícia Judiciária registou 344 mulheres violadas entre janeiro e setembro. Este ano foram assassinadas 25 mulheres em Portugal. Afirmar, perante estes factos, que a realidade ‘já foi muito pior’, é, no mínimo, uma enorme falta de sensibilidade, empatia e respeito pelas vítimas", criticou o secretário-geral do PS.

Quem também recorreu à rede social para apontar o dedo a Montenegro foi a deputada do Bloco de Esquerda Joana Mortágua, afirmando que "quando se resume a segurança a 'perceções' sai asneira".

"Se o primeiro-ministro se preocupasse mais com os números e menos com as perceções que agradam à extrema-direita, percebia que o maior e mais profundo fator de crime violento em Portugal é o machismo e não a imigração ou a pertença étnico-racial das comunidades", acrescentou Joana Mortágua.

A Joana Mortágua seguiu-se a irmã, Mariana, que aconselhou Montenegro a ter "menos perceções e mais factos".

"Montenegro, que ordena operações para aumentar a 'percepção' de segurança, tem a 'percepção' de que a violência contra mulheres não aumentou (apenas as queixas). Menos percepções e mais factos aconselhariam o primeiro-ministro a levar mais a sério o maior problema de segurança interna - este", afirmou Mariana Mortágua também no X.

Num discurso na sessão de encerramento da conferência "Combate à violência contra mulheres e violência doméstica", na Casa das Histórias Paula Rego, em Cascais, Luís Montenegro afirmou que o crime de violência doméstica "é muitas vezes um crime silencioso" e, referindo que não queria "chocar ninguém", disse ter dúvidas de que o aumento no número de casos que se regista nas estatísticas "signifique o aumento da criminalidade tipificada para a violência doméstica". 

Neste discurso, feito no Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres, Montenegro garantiu que o "Governo está empenhado em poder aproveitar todas as suas áreas de ação para, de uma forma transversal e multissetorial, contribuir para detetar a ocorrência do crime, punir os seus responsáveis e, acima de tudo, proteger as vítimas". 

Montenegro salientou também que o combate à violência doméstica vai ser "sempre uma batalha incessante, que não provoca resultados imediatos e que será sempre uma tarefa inacabada".

[Notícia atualizada às 23h24]

Leia Também: BE exige maior apoio habitacional para vítimas de violência doméstica

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