Luís Marques Mendes usou o seu espaço de comentário na SIC Notícias, na noite deste domingo, para analisar a reeleição de Rui Rio como presidente do PSD, que aconteceu ontem. "Acho que é uma grande vitória, pessoal e política", começou por dizer.
Para o social-democrata, "esta campanha beneficiou o PSD. Havia muita gente que podia prejudicar, mas acho que beneficiou", acrescentando ainda que "tiveram dois bons candidatos em presença, como se viu ontem nos discursos".
"Rui Rio fez um bom discurso de vitória, acutilante e assertivo em relação ao Governo. Paulo Rangel também fez um bom discurso a assumir a derrota com muita dignidade e com enorme humildade. São dois bons exemplos", referiu.
Marques Mendes considera que ter sido "uma grande vitória", porque "ganha ao aparelho do partido e às expetativas", "coisa que já é habitual em Rui Rio", recordou.
Questionado por Rodrigo Guedes de Carvalho sobre se é uma "vitória do povo do PSD", o comentador anuiu: "em grande medida". "Há pessoas que dizem ter sido por razões ideológicas, outros por questões de estratégia política - 'a estratégia de Rui Rio era mais eficaz que a de Paulo Rangel', mas para mim a razão mais importante da vitória é outra e pragmática - chama-se poder", assinalou.
Para Marques Mendes, "os militantes do PSD gostam de poder, gostam de ganhar e quando são chamados a votar, em particular quando estamos em cima de eleições, escolhem, normalmente, aquele que acham na sua consciência que dá mais garantias de os levar ao poder". "Acho que desta vez havia um conjunto de dados que favoreciam Rui Rio e os militantes foram por aí", elaborou.
"O primeiro grande facto a favor de Rui Rio foram as sondagens, várias que diziam que Rui Rio estava em melhores condições para ganhar a António Costa do que Paulo Rangel. Evidentemente podem estar certas ou erradas, mas neste momento pesam bastante", recordou. O comentador deu conta ainda de que isso não foi a primeira vez que aconteceu, tendo já ocorrido "no Partido Socialista em 2017 - de um lado António José Seguro, do outro António Costa - António José Seguro tinha o poder do aparelho, António Costa tinha a força das sondagens que diziam que era melhor para primeiro-ministro e ele ganhou", continuou.
Depois, referiu ainda Marques Mendes, "são umas eleições internas, em vésperas de umas eleições antecipadas no país a 31 de janeiro, isso faz toda a diferença". "Rui Rio aproveitou este facto muito bem. Se não houvesse eleições legislativas em janeiro, o PSD estaria a escolher quem? O líder da oposição, não um candidato a primeiro-ministro".
"Ora, como líder da oposição, provavelmente Paulo Rangel teria vantagem sobre Rui Rio. Até poderia provavelmente ser eleito, porque aos olhos dos militantes e dos eleitores, Rangel é visto como fazendo uma oposição mais firme do que Rio. Mas, com umas eleições antecipadas, Rui Rio teve o talento de transformar esta eleição ou de realçar que não se estava a escolher o líder da oposição, mas sim o candidato a primeiro-ministro", assinalou o comentador.
Segundo o social-democrata, "um ponto muito engraçado" é que "Rui Rio parte agora profundamente reforçado. Se esta eleição não tivesse existido, estava mais diminuído na campanha com António Costa, agora sai bastante mais reforçado", que continua ainda assumindo que "ele teve uma outra habilidade importante, que foi bipolarizar o discurso com Paulo Rangel".
"Rui Rio colocou as coisas desta forma 'Paulo Rangel é o homem do aparelho, eu sou o homem do país, Paulo Rangel tem as estruturas com ele, eu tenho os portugueses comigo'. Numa altura destas isto é muito importante, porque de um modo geral o aparelho não é muito popular, as bases do partido, os militantes, para além do país em geral, não gostam muito do aparelho", disse, concluindo que o reeleito líder do PSD "tirou partido disso".
Marques Mendes referiu ainda que, no futuro, Rui Rio parte com "mais autoridade, mais força, mais confiança", se ganhar as legislativas "sai em cima", mas mesmo que "perca também sai a ganhar", porque "já não tem de sair". "Ninguém depois de tudo o que aconteceu vai exigir a sua saída ou a sua demissão", sublinhou.
Sobre se há mais ou menos hipóteses, com a vitória de Rui Rio, de o PSD ganhar as legislativas, o comentador reiterou que "ao contrário do que as pessoas pensam, estas eleições não são favas contadas para o primeiro-ministro e para o PS". "Acho que não seria nem com Rui Rio, nem com Paulo Rangel. Agora, evidentemente que esta vitória ajuda muito", rematou.
Recorde-se que Rui Rio foi reeleito este sábado presidente do PSD com 52,43% dos votos, numas eleições diretas que disputou com o eurodeputado Paulo Rangel, que alcançou 47,57% dos votos. Com este resultado, Rui Rio, que lidera o PSD desde janeiro de 2018, manteve-se como o 18.º presidente do partido.
O 39.º Congresso do partido vai realizar-se entre 17 e 19 de dezembro, na Feira Internacional de Lisboa.
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