"O doutor Rui Moreira sabe que estivemos do seu lado desde o primeiro dia, na verdade eu diria quase antes do primeiro dia. Fizemo-lo por vontade, fizemo-lo com convicção e fizemo-lo sempre coesos. Mas aqui chegados o que quero expressar também é o sentido de gratidão. Muito obrigado, meu querido amigo Rui Moreira, por tudo o que fizeste, e quem sabe, num futuro, outros desafios não nos levarão", declarou Nuno Melo, no Palácio de Cristal, no Porto, num discurso no âmbito do 50.º aniversário do primeiro congresso do CDS.
O presidente do CDS iniciou o seu discurso dedicando as suas palavras a Rui Moreira, que está a finalizar o seu terceiro mandato à frente da Câmara Municipal do Porto.
"Quero dedicar as minhas primeiras palavras, apesar da circunstância que é de grande simbolismo, ao presente e ao presidente da Câmara do Porto, doutor Rui Moreira. Que não por coincidência há 50 anos, como bem se viu nesta homenagem, também teve familiares cercados no Palácio de Cristal e por isso o que trouxe foi um testemunho de vida", declarou Nuno Melo.
O presidente do CDS reconheceu que estava a chegar ao fim um ciclo "muito feliz" de apoio a Rui Moreira.
"Nós bem sabemos que estamos na ponta final de um ciclo muito feliz, que ainda temos um pedacito pela frente, mas, ainda assim, um final de um ciclo muito feliz, que sob a sua liderança foi capaz de transformar a cidade, de afirmar o sucesso do tecido económico, de projetar a cultura, de reforçar a coesão social, eu diria até de aumentar a autoestima de toda uma região", disse Nuno Melo.
O presidente da Câmara do Porto pediu hoje desculpa, em nome da cidade, ao CDS pelo que aconteceu no primeiro congresso do partido na noite de 25 para 26 de janeiro de 1975, quando os congressistas foram cercados no Palácio de Cristal.
Durante a cerimónia, o ex-líder do CDS e antigo ministro da defesa Paulo Portas enviou uma mensagem aos militantes e simpatizantes do partido por videoconferência, na qual destacou a importância do 1.º congresso do CDS para a "história da democracia portuguesa".
"O seu congresso fundador foi vítima de um cerco violento, ameaçador. Eu, de todos os relatos que li, não quero deixar de salientar a coragem de todos os congressistas de um partido democrático, onde todos correram riscos de vida. [...] Terminou pacificamente e isso gerou uma certa corrente de superação às adversidades, que ainda hoje acontece no CDS", declarou Paulo Portas.
Por seu lado, o antigo líder do partido José Ribeiro e Castro, que tinha 21 anos quando participou no 1.º congresso do CDS, agradeceu o pedido de desculpas de Rui Moreira, dizendo que foi um gesto "muito tocante".
"Na altura tinha 21 anos, participei nesse dia no primeiro congresso quanto membro da Juventude Centrista. Esse dia foi um dia inesquecível. [...] Estávamos a surgir como um grande partido europeu. [...] Nós seriamos libertados por um pelotão de paraquedistas, liderado pelo coronel Abel Lobão. Estivemos cercados umas 12 horas", afirmou.
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