A introdução do programa do PSD, a que a Lusa teve acesso, - o documento é hoje apresentado na íntegra em Lisboa -, dedica um capítulo à necessidade de uma "outra cultura política", em que se defende que "Portugal tem de estar acima de qualquer interesse" e se retoma um tema que tem sido caro ao seu presidente, Rui Rio, "uma cultura de compromisso".
"A prática do confronto partidário e dos combates ideológicos tem de dar lugar, sempre que esse interesse esteja em causa, à disponibilidade para encontrar soluções através do diálogo e do compromisso", refere-se na introdução do programa.
Ainda assim, o texto faz questão de separar compromissos de consensos.
"Não esperamos que se sacrifiquem as convicções e as matrizes ideológicas em que assentam os diferentes programas políticos. Esperamos, tão só, disponibilidade para encontrar e viabilizar as melhores soluções para os problemas reais de Portugal e dos Portugueses", clarificam.
Por isso, "o PSD reafirma a sua abertura para com as restantes forças políticas encontrar os entendimentos indispensáveis à implementação das reformas inadiáveis para fazer de Portugal um país mais desenvolvido e uma sociedade mais coesa e solidária".
Já Rui Rio é apresentado na introdução do programa eleitoral do PSD como um líder "com provas dadas" e "como candidato a primeiro-ministro com as características que a particular conjuntura exige: firmeza perante a incerteza, resiliência face à adversidade, coragem perante o que tem de ser feito".
"A estas três características, Rui Rio acrescenta autenticidade e frontalidade. Falar verdade aos portugueses é urgente (...) A política-espetáculo tem de dar lugar à política orientada para a ação e para a resolução dos problemas dos Portugueses. Rui Rio, não engana!", frisa o programa.
A introdução do programa do PSD identifica como uma "característica estrutural" do sistema político português "a vulnerabilidade dos partidos e dos governos à influência de pequenos grupos de interesses".
"A dimensão do país e a sua particular estrutura económica prestam-se à formação de oligarquias cujo poder tende a confundir-se com o Estado. Pagámos bem caro pela promiscuidade entre altos decisores políticos e algumas elites financeiras", referem, sem concretizar.
Para o PSD, "se há uma lição a tirar dessa experiência, ela expressa-se pela necessidade de os governantes e os partidos políticos concretizarem na sua ação e conduta o princípio da independência e isenção face a esses interesses".
Por isso, defendem a adoção de "critérios de mérito, isenção, transparência e rigor no acesso a cargos e a funções na administração pública".
"Excluem-se, como é natural, as funções de confiança política, como as de assessoria e na constituição de gabinetes governamentais ou equiparados", ressalvam.
No programa, o PSD reafirma a "orientação reformista" das suas políticas, mas sem ruturas, classificando as reformas "como um processo de mudança cujos efeitos serão graduais".
"Uma governação responsável não pode quebrar o princípio da continuidade das políticas públicas, apostando prioritariamente na sua melhoria e, caso se torne indispensável, na sua reforma. Teremos de afastar a prática recorrente de, a cada governo, destruir tudo o que foi feito pelos seus antecessores, sem que o benefício da inovação esteja assegurado", salientam.
No final das 26 páginas de introdução do programa do PSD, repete-se uma máxima também várias vezes invocada por Rui Rio: "não prometer o que não pode, não dar o que não tem".
"A ação política responsável tem de assentar na viabilidade das propostas que se apresentam ao eleitorado. A tentação da promessa fácil é enorme perante a vontade de conquista do poder. Porém, um partido responsável que pretende ser uma alternativa política e governar Portugal na próxima legislatura, não pode prometer o que não é possível cumprir", refere-se.
Por isso, justificam os sociais-democratas, antes de elaborar o seu programa o PSD "concebeu um modelo de previsão macroeconómica" para "balizar o impacto financeiro" das medidas que constam do programa.
"Trabalhamos sobre previsões e objetivos verosímeis que, a não serem concretizados, limitarão o cumprimento das propostas avançadas", admitem, deixando ainda outro compromisso aos portugueses.
"Não os enganaremos com meias-verdades, nem nos desculparemos ao longo dos quatro anos da legislatura com o governo anterior. Ao fim de um ano de governo deixaremos de invocar os governos anteriores como os responsáveis por algo que não tenha sido feito ou que tenha corrido mal", promete-se na introdução do programa eleitoral, que termina com a frase "os políticos não são todos iguais".
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