"Estou muito feliz enquanto estiver a devolver [o que o país me deu], não devolvo só quando sou candidato numa eleição qualquer. (...) Não fazendo política, às vezes até é mais fácil, e não haja dúvida que eu gostarei muito quando não estiver a fazer política. Mas não me passa pela cabeça dizer que uma derrota significa que perco direitos cívico-políticos acho que é um implícito que não faz sentido nenhum", respondeu Rui Tavares.
Em entrevista à agência Lusa, no âmbito das eleições legislativas de 30 de janeiro, o fundador e dirigente do Livre defendeu que a eleição de um grupo parlamentar, mais do que um desejo "é uma necessidade", sublinhando que os grupos parlamentares têm mais direitos e possibilidades de intervenção do que um deputado único.
Rui Tavares considerou que será possível a eleição de deputados nos círculos de Lisboa, pelo qual se candidata, Porto e Setúbal, e "também noutros círculos eleitorais".
Questionado sobre se teme, caso o partido não consiga representação parlamentar, que seja criada a perceção de que a eleição em 2019 se deveu apenas a Joacine Katar Moreira -- deputada a quem o partido retirou a confiança política poucos meses depois da entrada no parlamento - Tavares recusou tal leitura e atirou que "qualquer eleição é sempre um trabalho de equipa".
"Nunca o Livre disse, e eu pessoalmente jamais o diria, nunca diminuímos a importância da Joacine no voto em 2019, que isso fique claro. Pode haver quem tenha tentado diminuir a importância do Livre, mas isso seria um erro tão grande um, como o outro. A verdade é que toda a gente trabalhou em conjunto para um objetivo comum", defendeu.
Já sobre a situação de milhares de cidadãos que poderão ficar em confinamento devido à covid-19 no dia 30 de janeiro, Rui Tavares apontou o dedo aos partidos, dizendo que estas eleições "são uma intromissão dos caprichos da política" numa altura de recuperação do país.
Quanto a possíveis soluções, o dirigente mostrou-se confiante no trabalho das autarquias, Proteção Civil e Comissão Nacional de Eleições (CNE).
"Não se pode aceitar que centenas de milhares de portugueses e portuguesas não possam exercer o direito de voto. Essa é uma condição de base. E depois, soluções logísticas tem de haver, nem que a urna vá até à porta das pessoas e nem que a pessoa que traz a urna esteja protegida contra qualquer contaminação, para poder verificar o bilhete de identidade, os cadernos de voto e para o eleitor poder depositar o boletim... as coisas têm que funcionar", disse.
Em 2019 o Livre conquistou pela primeira vez representação na Assembleia da República: a deputada Joacine Katar Moreira que, em fevereiro de 2020, passou à condição de deputada não inscrita, deixando de representar o partido depois de este lhe ter retirado a confiança política.
Leia Também: Livre quer subsídio de desemprego a quem se despede