O presidente da Aliança pretende eleger deputados nas próximas eleições legislativas, apresentando-se como o "coração da direita" e propondo medidas como o aumento em 50% do subsídio de refeição para funcionários públicos e a unificação das polícias civis.
Em entrevista à agência Lusa, Jorge Nuno Sá, que foi líder da Juventude Social Democrata entre 2002 e 2005, estabeleceu como objetivo para estas legislativas divulgar as suas propostas e o posicionamento ideológico do Aliança e, como "qualquer partido que se candidata a eleições", tentar a eleição.
Numa altura em que o espaço da direita se encontra ocupado por quatro partidos com assento parlamentar -- PSD, CDS-PP, Chega e Iniciativa Liberal --, Jorge Nuno Sá realçou que a Aliança se distingue de todos: defende a inclusão social, o que o "afasta da extrema-direita"; está longe do "centro de negócios", o que o coloca "à direita desse centro"; não é uma "direita confessional" e considera que, se o país avançar para um "sistema de liberalismo puro", "milhões de portugueses cairão num estado de pobreza".
"Nós costumamos dizer que estamos no coração da direita precisamente por estarmos afastados destes polos que estão em posicionamento opostos e nós estamos no meio de tudo isto, tendo como primeira prioridade as pessoas", frisou.
Na segunda vez que concorre a legislativas -- em 2019, logo a seguir a ter sido fundado pelo antigo primeiro-ministro Pedro Santana Lopes, a Aliança obteve 0,77% dos votos --, Jorge Nuno Sá considerou que o espaço eleitoral para a afirmação do seu partido existe e não está ocupado.
"Se isto é uma afirmação a 15 dias ou a cinco anos, não lhe sei responder diretamente. Será aquilo que os eleitores quiserem. Agora, uma coisa é certa: a direita tem aqui um partido que a representa, tem aqui um partido em que pode votar", frisou.
Sendo o terceiro presidente da Aliança -- depois de Santana Lopes, o partido foi também presidido por Paulo Bento, que saiu da liderança em novembro de 2021 --, Jorge Nuno Sá mostrou-se confiante de que conseguirá eleger representantes porque apresenta uma "proposta clara política" aos eleitores, "de um partido que tem algumas metas bem definidas".
Sobre as divisões internas do partido -- este verão, ex-dirigentes da Aliança apresentaram uma queixa junto do Tribunal Constitucional acusando o ex-presidente Paulo Bento de "ilegalidades" -- Jorge Nuno Sá afirmou que "foram resolvidas essas questões no âmbito dos tribunais" e garantiu que a "Aliança, neste momento, está estabilizada, é um partido que sabe onde se encontra e para onde quer ir".
"Tem sido normal, nos pequenos partidos, haver algumas pessoas que veem nestes novos e pequenos partidos uma oportunidade de carreira, aquilo que noutros partidos lhes foi negado. Eu estou à vontade (...), estou num partido onde acredito no seu projeto ideológico, partidário, no seu projeto para Portugal", frisou.
Definindo as propostas do partido para a próxima legislatura, Jorge Nuno Sá disse que o programa eleitoral será apresentado na próxima semana e será baseado em "três eixos fundamentais".
Além da inclusão social - porque o partido não acredita "numa sociedade que segrega, que divide, que põe uns contra os outros" -- o Aliança defende também uma "sociedade de prosperidade, onde aquilo que é pedido ao Estado é que faça com que o elevador social funcione", e a "questão da tradição", considerando que a "base cultural" e "de afirmação" de Portugal "é uma base muito importante para a afirmação do futuro".
Concretizando esses eixos, Jorge Nuno Sá indicou que o partido irá propor um aumento em 50% do subsídio de refeição para os funcionários públicos -- para ajudar na retoma do "poder de compra" e da economia --; um sistema de avaliação para os tribunais que obrigue, "ao fim de algumas falhas técnicas" judiciais, "a fazer alguma reciclagem"; e uma "unificação das polícias civis", num prazo de oito a dez anos, que substitua a atual "meia dúzia de órgãos de investigação criminal".
A Aliança apresenta-se também a eleições como "o partido mais euro crítico em Portugal", considerando que o país não pode "admitir uma perda de soberania constante para órgãos não eleitos, pessoas de um diretório europeu que ninguém verdadeiramente fiscaliza ou controla", sem, no entanto, advogar pela saída de Portugal da União Europeia (UE).
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