"Eu acho muito bem que seja retirada a imunidade parlamentar para que os órgãos de investigação criminal possam apurar todas as responsabilidades que ocorreram naquele fatídico acidente. Agora, isto é de facto uma má notícia para António Costa, uma vez que procurou esconder Eduardo Cabrita desta campanha", afirmou Francisco Rodrigues dos Santos.
À margem de uma iniciativa de campanha em Santa Maria da Feira, distrito de Aveiro, o líder centrista lamentou que as eleições legislativas de 30 de janeiro tenham sido "a única razão" que o ex-ministro da Administração Interna alegou para "se ter demitido das suas funções".
Criticando a importância das relações de afinidade "entre os ministros e o primeiro-ministro", o líder do CDS-PP disse que espera que os eleitores "possam fazer um julgamento nas próximas eleições e não queiram mais esta conduta de falta de ética e moral na gestão da coisa pública".
"E é uma boa altura para o primeiro-ministro dizer ao país qual é que é o verdadeiro paradigma do PS, se o paradigma é Jorge Coelho, em que quando há responsabilidades no quadro da sua tutela política se demite imediatamente, ou se é o paradigma de Eduardo Cabrita em que a culpa morre sempre solteira, em que os amigos se protegem uns aos outros e onde o critério fundamental para as pessoas se manterem nos governos é serem da confiança pessoal e do círculo próximo do primeiro-ministro", desafiou.
O Ministério Público solicitou à Assembleia da República o levantamento da imunidade parlamentar de Eduardo Cabrita, para que possa ser constituído e interrogado como arguido no caso do acidente mortal na A6, perto de Évora.
O pedido de levantamento da imunidade parlamentar do ex-ministro da Administração Interna, que se demitiu e ficou como deputado, foi feito pela magistrada do Ministério Público titular do inquérito no dia 14, constatou hoje a agência Lusa, ao consultar os autos do processo.
A campanha do CDS-PP passou hoje pela primeira vez no distrito de Aveiro, que "sempre foi a joia da coroa" do partido a nível eleitoral, onde em 2019 manteve o deputado eleito pelo distrito, João Almeida (que concorreu contra Francisco Rodrigues dos Santos no último congresso).
Em declarações aos jornalistas depois de um contacto com a população já depois de cair a noite, e onde a comitiva se cruzou com poucas pessoas, Francisco Rodrigues dos Santos disse que o objetivo é manter o deputado eleito.
Agora o cabeça de lista é o presidente do congresso, Martim Borges de Freitas, que substituiu o candidato que tinha sido anunciado antes, António Loureiro, agora mandatário da candidatura.
O presidente do partido apontou que o dirigente "caiu que nem uma luva" na lista, "foi imediatamente respeitado e granjeia a confiança das estruturas de base".
O presidente da Câmara de Albergaria-a-Velha "saltou fora" da lista porque a lei eleitoral estabelece que os líderes dos executivos municipais têm de suspender o mandato "desde a data da apresentação de candidaturas e até ao dia das eleições".
Nas últimas eleições legislativas, o CDS foi a quarta forças mais votada no círculo de Aveiro, com 5,69% (20.045 votos).
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