O dia começou cedo para os membros das 15 equipas do Serviço Municipal de Proteção Civil (SMPC) de Lisboa que andam hoje pela capital a recolher, porta a porta, votos para as eleições de 30 de janeiro, e pouco depois das 09:00 as carrinhas já se faziam à estrada.
Em todo o país, são 13.118 pessoas, entre idosos em lares e pessoas em confinamento obrigatório que vão votar entre hoje e quarta-feira. Na lista dos técnicos de Lisboa, contam-se 651 nomes, dos quais 30 em confinamento e 621 em lares.
"Preferimos precaver-nos e antecipar o voto", contou à Lusa Daniela Igrejas, depois de entregar o seu boletim, já dobrado e num envelope, às duas técnicas da Proteção Civil, que o colocaram num outro envelope azul selado e guardaram na urna improvisada.
Daniela e o marido, Duarte Igrejas, estão a cumprir isolamento desde 16 de janeiro, quando uma das filhas do casal testou positivo à covid-19. Na quinta-feira foi a vez da filha mais nova e Daniela testou positivo hoje.
"Os nossos isolamentos têm sido faseados", explicou, justificando que como não sabiam se já poderiam sair no domingo, decidiram pedir o voto antecipado em confinamento e a avaliação foi positiva: "Cinco estrelas, correu tudo muito bem".
Esta foi a segunda paragem da equipa que a Lusa acompanhou durante a manhã. Antes, a dupla constituída por Susana Paixão e Susana Ferreira já tinha estado no Lar Nossa Senhora do Carmo, onde votaram 10 dos cerca de 50 utentes.
No total, tinham cerca de 60 votos para recolher até ao final do dia. A divisão foi sendo feita nos últimos dias e ultimada na segunda-feira, já depois de estarem confirmados todos os pedidos de inscrição para votar antecipadamente.
"Quando começamos a pensar neste processo, há três ou quatro semanas, fomos acompanhando com alguma apreensão o número de confinados que tínhamos em Lisboa e dimensionámos as equipas para mais do dobro do que temos hoje a sair para a rua", explicou Margarida de Castro Martins, diretora do SMPC de Lisboa.
O processo não é novidade e nas eleições presidenciais, em janeiro do ano passado, e autárquicas, em setembro, as autoridades já se tinham organizado em colaboração com a autarquia para recolher os votos dos eleitores confinados e em lares de idosos.
"Já é a terceira vez que estamos a garantir esta recolha de votos ao domicilio e, por isso, as equipas já estão rotinadas", acrescentou a responsável, antecipando que o trabalho fique concluído hoje, no primeiro de dois dias em que o voto em confinamento decorre por todo o país.
No itinerário das Susanas segue-se outro domicílio, onde foram recolher o voto de um eleitor em confinamento antes de seguirem para o último destino e aquele em que estariam durante mais tempo.
Na residência Casas da Cidade, em Lisboa, inscreveram-se para votar antecipadamente 48 utentes e a maioria não é estreante nesta modalidade.
"Já tinha votado uma vez e acho muito bem, porque escuso de ir lá tão longe", contou Olga Cordeiro, 86 anos. Se a equipa da Proteção Civil não fosse recolher o seu voto, iria às urnas no dia 30, mas prefere esta solução, que diz ser mais segura.
Ao contrário, Adelaide Névoa teria faltado a umas eleições pela primeira vez desde que pode exercer direito ao voto. Já tinha sido assim há um ano, quando nas eleições presidenciais, as primeiras desde o início da pandemia de covid-19, pôde votar sem sair do lar.
Nessa altura, Adelaide contou à Lusa que se tivesse de ir ao local de voto de sempre, não teria votado pela primeira vez e hoje, um ano depois, admitiu que continuava a ser assim.
Na mesa de voto, instalada na sala que a residência adaptou no início da pandemia para realizar as visitas, Adelaide entrega o envelope já fechado com o boletim dentro às técnicas, que repetem os passos habituais antes de depositarem o voto selado na caixa transparente, que deixa ver uma pilha azul cada vez mais alta.
Antes, tinha passado por ali Lisete Fidalgo, 76 anos, que é também repetente no voto antecipado. Para si, este trabalho das autarquias é essencial no atual contexto.
"Sinto-me mais segura, principalmente depois de sabermos que no dia das eleições podem ir pessoas que estão infetadas", contou.
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