Augusto Santos Silva admitiu, esta quarta-feira, uma solução de bloco central, mas defende que é "mais saudável" que a contraposição entre direita e esquerda continue.
"O que está em jogo nestas eleições é a composição do próximo Parlamento e a formação do próximo governo. Eu entendo que a saúde da democracia exige um governo e uma oposição claros e fortes", começou por defender, em declarações na CNN Portugal. "Na minha perspetiva, é bem possível que PS e PSD, juntos, na próxima legislatura, tenham talvez para cima de 200 deputados (em 230). Seria muito pouco saudável que houvesse um governo cuja maioria fosse constituída por 150, 180 ou 200 deputados."
Assim sendo, para o atual ministro dos Negócios Estrangeiros, "quem ganhar deve formar governo e quem ficar em segundo lugar deve ser oposição".
"Claro que, no limite, poderia ser necessário uma solução de bloco central, ninguém a pode afastar. No limite podia ser necessário, até, um governo de unidade nacional, ninguém o pode afastar. Mas isso são situações limite", refere Santos Silva.
Nas palavras do governante do PS, "é mais saudável" que o sistema político-partidário português continue a organizar-se "com a contraposição direita - esquerda".
Ainda assim, Santos Silva considera que importa saber "qual é a leitura que os pequenos partidos à esquerda e à direita fazem também dos resultados que vão ter". Isto porque, embora entenda ser desejável uma maioria absoluta do PS, a não acontecer, terá de haver "compromissos da parte dos restantes partidos para formar um governo que seja estável, que tenha um horizonte de quatro anos".
Há condições intermédias que podem resultar num entendimento, num acordo de cavalheiros, entre os dois partidos maiores, no sentido de facilitar a vida ao que formar governo. Mas tudo isso é especulação antes de domingo à noite."
Augusto Santos Silva reforça ainda que é "útil e saudável" que, se o PS formar governo, o PSD seja oposição. "Eu não quero o Chega a formar oposição", aponta.
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