"Os resultados no distrito são de certa forma o espelho dos resultados nacionais do PSD. Encontramos neste resultado eleitoral o falhanço de uma estratégia de colocar o enfoque do PSD ao centro do espetro ideológico, quando o PSD, nos últimos 30 anos, era um partido com um espetro ideológico bastante mais alargado que ia da direita moderada ao centro-esquerda", afirmou em declarações à Lusa Alberto Machado, numa reação aos resultados da noite eleitoral de domingo.
Pelo círculo do Porto, os sociais-democratas elegeram, nestas eleições, 14 deputados, menos um do que nas legislativas de 2019, tendo alcançado 32,33% dos votos.
"Os resultados deixaram bem claro que, o facto de a Direção Nacional ter centrado e ter colocado o seu enfoque de Portugal ao centro, abriu espaço a que os partidos recém-criados à nossa direita assumissem umas proporções do ponto de vista eleitoral muito significativas", afirmou.
Ao contrário das eleições legislativas de 2019 em que o Chega não conseguiu eleger nenhum deputado pelo Círculo do Porto, o partido de André Ventura elegeu no domingo dois deputados, ao obter 4,37 % dos votos, resultado em linha com o da Iniciativa Liberal que com 5,11% dos votos, consegue eleger também dois deputados.
"Foi o estreitar de eleitorado do PSD (...) fez com que, neste momento, tenhamos 20 deputados [12 do Chega e oito Iniciativa Liberal] à nossa direita, quando em 2019, [a nível nacional] só tínhamos sete", salientou.
Para Alberto Machado, este crescimento pode ser explicado pela estratégia do PSD ao centro, que "libertou um eleitorado mais à direita que tradicionalmente se revia dentro do amplo espetro ideológico do PSD", que deixou de ser rever neste PSD.
Questionado se a responsabilidade deste fracasso pode ser atribuída ao líder Rui Rio, o presidente da Distrital do Porto apontou baterias à Comissão Política Nacional.
"É responsabilidade da estratégia da Comissão Política Nacional, são eles naturalmente que definem a estratégia. Essa estratégia mostrou-se errada, falhou", rematou.
Alberto Machado disse ainda esta maioria alcançada pelo Partido Socialista no domingo vai exigir da oposição um maior escrutínio.
O PS alcançou a maioria absoluta nas legislativas de domingo e uma vantagem superior a 13 pontos percentuais sobre o PSD, numa eleição que consagrou o Chega como a terceira força política do parlamento.
Com 41,7% dos votos e 117 deputados no parlamento, quando estão ainda por atribuir os quatro mandatos dos círculos da emigração, António Costa alcança a segunda maioria absoluta da história do Partido Socialista, depois da de José Sócrates em 2005.
O PSD ficou em segundo lugar, com 27,80% dos votos e 71 deputados, a que se somam mais cinco eleitos em coligações na Madeira e nos Açores, enquanto o Chega alcançou o terceiro lugar, com 7,15% e 12 deputados, a Iniciativa Liberal (IL) ficou em quarto, com 5% e oito deputados, e o Bloco de Esquerda em sexto, com 4,46% e cinco deputados.
A CDU com 4,39% elegeu seis deputados, o PAN com 1,53% terá um deputado, e o Livre, com 1,28% também um deputado. O CDS-PP alcançou 1,61% dos votos, mas não elegeu qualquer parlamentar.
A abstenção desceu para os 42,04% depois nas legislativas de 2019 ter alcançado os 51,4%.
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