O ex-dirigente político português fez esta consideração, por videochamada, ao intervir como orador numa conferência realizada presencialmente na cidade da Praia pelo Movimento para a Democracia (MpD), partido no poder em Cabo Vede, sobre os 'Desafios dos Partidos Políticos no Séc. XXI'.
"O melhor antídoto para o populismo é a boa governação e é a capacidade de cumprir um programa", considerou Paulo Portas, que na sua intervenção abordou as transformações no mundo nos últimos 40 anos.
E duas dessas mudanças foram a globalização e digitalização, que afirmou levam ao risco de algum declínio dos chamados partidos dominantes, mas sem afetar Cabo Verde.
"Cabo Verde sempre teve pluralismo e sempre teve um sistema político bastante organizado e, felizmente, não é atingido por isso", sublinhou o antigo vice-primeiro-ministro e ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal.
Na questão da digitalização, o antigo líder do CDS entre 1998 e 2005 e entre 2007 e 2016 falou sobre a internet e a proliferação das redes sociais, onde disse que se promove um certo tipo de ativismo, que, por sua vez, tem tendência para radicalização e fragmentação.
"A digitalização modificou radicalmente uma das dimensões importantes do tempo político. A digitalização é um acelerador brutal dos tempos políticos", prosseguiu Portas, desafiando os partidos políticos a adaptar e a abrirem-se à sociedade.
A conferência inaugural foi aberta pelo presidente do MpD e primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, e teve ainda como oradores o antigo autarca e antigo presidente do MpD Jacinto Santos.
Este tipo de debate vai ser realizado durante este ano no país e na diáspora cabo-verdiana, sendo que a segunda vai acontecer na cidade do Mindelo, ilha de São Vicente, em março, precisamente no mês (dia 14) em que o MpD completa 32 aos de existência.
Com esta iniciativa, o partido que regressou ao poder em Cabo Verde em 2016 pretende ouvir e recolher contributos dos militantes, simpatizantes, dirigentes nacionais e locais e da diáspora, personalidades da sociedade, e introduzir os ajustamentos que se revelarem úteis para o nosso modelo de organização, o programa político, os estatutos e a relação com a sociedade.
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