Chega fala em "exclusão deliberada" do partido dos protestos anti-guerra

O presidente do Chega, André Ventura, disse hoje que houve uma "exclusão deliberada" ao seu partido por parte dos restantes quanto às manifestações anti-guerra na Ucrânia, motivo pelo qual organizou uma concentração em frente à embaixada ucraniana.

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© António Pedro Santos / Global Imagens 

Lusa
27/02/2022 16:06 ‧ 27/02/2022 por Lusa

Política

Ucrânia

Questionado hoje telefonicamente pela Lusa, antes da manifestação marcada para as 15h00, o líder do partido disse não saber quantas pessoas estariam na concentração, porque o partido não teve "o mesmo tempo para organizar do que todos os outros".

"Fomos apanhados de surpresa com a exclusão deliberada que os outros partidos parlamentares quiseram fazer, e portanto o que lhe posso dizer é que mobilizámo-nos o mais possível, quer a Juventude Chega, quer o partido, e esperamos também muita gente da sociedade civil", disse à Lusa André Ventura.

No entender do líder partidário de extrema-direita, há "um cordão" que tentaram "impor", bem como "uma colagem à Rússia que toda a gente percebeu, desde o início, que não tinha nenhuma razão de ser nem nenhuma realidade".

André Ventura justificou precisamente a localização da manifestação junto à embaixada ucraniana em Lisboa com o facto de os outros partidos "terem decidido fazer uma concentração e manifestação, e deliberadamente terem excluído o Chega".

Para hoje, à mesma hora, foi marcada uma manifestação pela paz em frente à embaixada da Rússia, na capital.

O ainda deputado único do partido considera "lamentável que isso aconteça, sobretudo num assunto que exige o máximo de unidade possível", acusando os restantes partidos de "confundir a pequena política doméstica com questões relevantes do ponto de vista internacional".

Além da separação face aos outros partidos, a manifestação na embaixada ucraniana "é para dar apoio" ao país, e com o objetivo de "pedir à União Europeia e à NATO que tomem medidas mais duras em relação à Federação Russa".

Questionado sobre se o Chega não se poderia sentir isolado na sua família política europeia, o Identidade e Democracia (ID), cujos líderes de extrema-direita dos partidos franceses (Marine Le Pen) e italiano (Matteo Salvini) já demonstraram afinidades com Vladimir Putin, André Ventura disse que "dentro de uma família política há várias tendências".

"No nosso caso estamos completamente à vontade, porque isso foi sempre claro. Nós sempre dissemos que Portugal tem de alinhar estrategicamente no âmbito da Europa, e é no âmbito da Europa que queremos fazer alterações à própria Europa", referiu.

O líder do Chega mostrou-se ainda ambíguo quanto à existência de um "recuo", relativamente a, anteriormente, alguns líderes da extrema-direita europeia alinharem com Putin, e agora condenarem a guerra feita pelo líder russo.

"Eu não creio que se trate de um recuo", começou por dizer à Lusa, lembrando que houve "alguns dirigentes, mas isso quer de esquerda, quer de direita, na Europa, que conseguiram ir vendo aspetos algo positivos na gestão de Vladimir Putin".

Mais tarde, em resposta à mesma pergunta, questionando-se sobre se "existiram aqui incoerências da família política", mas referindo-se também a alguma esquerda, Ventura afirmou que "em toda a Europa houve alguns recuos, e talvez agora alguns tenham aberto definitivamente os olhos para a ameaça que a Rússia representa".

"Quanto ao Chega, nós sempre fomos muito claros nisso: quer a Rússia quer a China são uma ameaça ao interesse geoestratégico europeu e uma ameaça aos interesses de Portugal E por isso têm que ser combatidos", vincou.

André Ventura considerou ainda que o discurso de Vladimir Putin que serviu para justificar a ofensiva militar russa "nem sequer se prendeu com nenhuma abordagem filosófica, ou histórica" à questão da Ucrânia, mas sim "simplesmente de uma tentativa de legitimação" da ação bélica.

"É uma tentativa absurda de legitimar o que não tem legitimidade, e de justificar o que é injustificável. Mas é bom que todos os europeus tenham ouvido para perceber que é bem possível que a ameaça não fique por ali", referiu.

Leia Também: Ucrânia. Muitas centenas de pessoas em frente à embaixada russa em Lisboa

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