Francisco Louçã. Estados Unidos são os "grandes vencedores da guerra"
Francisco Louçã abordou ainda, no seu habitual espaço de comentário na SIC Notícias, a temática do fornecimento de gás e petróleo proveniente da Rússia à Europa.
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Política Rússia/Ucrânia
Francisco Louçã considerou, esta sexta-feira, que a "China só tem vantagem em que este conflito pare", de preferência "sem demasiado peso para a Rússia". O fundador e antigo coordenador do Bloco de Esquerda (BE) admite, no entanto, que esse possa ser "um navio que já ardeu".
Em declarações proferidas no seu habitual espaço de comentário à sexta-feira, na SIC Notícias, Louçã explicou que, para a China, é preferível que exista uma Europa com "razoável segurança e com paz", visto que a mesma se trata da sua "grande parceira económica".
De uma outra perspetiva, uma rápida resolução do conflito garantiria ainda que os Estados Unidos não passariam a deter o "poder absoluto em todos os territórios", face às restantes economias desenvolvidas. Deste modo, o fundador do Bloco de Esquerda assegura que os Estados Unidos são os "grandes vencedores desta guerra", ao passo que a posição da China fica "prejudicada".
Isto porque, de acordo com o economista, a China quer "espaço e tempo para ganhar força", "para se tornar uma economia predominante" no panorama mundial. Algo que, considera, o país ainda não é, na medida em que tem ainda "fragilidades muito expressivas", nomeadamente ao nível do "sistema bancário".
Quando questionado se a Rússia já perdeu a China enquanto aliado, na sequência desta guerra, Francisco Louçã diz não acreditar que seja possível "tirar essas conclusões". Ressalva, no entanto, a posição "contraditória" apresentada pelo país neste sentido - pelo facto de não ter aprovado "publicamente a invasão", ao mesmo tempo que declarava que "a Rússia era o seu maior aliado estratégico".
Petróleo e gás natural russo: que futuro na Europa?
Francisco Louçã abordou ainda a temática do fornecimento de gás e petróleo proveniente da Rússia à Europa - o qual, garante, terá aumentado "mesmo durante a guerra". Uma realidade que se justifica pelo facto dessa ser uma fonte "determinante para alguns países", como é o caso da Áustria, Itália e, claro está, da Alemanha.
Porém, no contexto atual que se vive na Europa, caracterizado por uma "situação política nova" e pela "pressão das sanções económicas", "parece claro" que a interrupção desse mesmo fornecimento possa mesmo vir a ser uma realidade, na perspetiva do fundador do Bloco de Esquerda.
Porém, faz ainda referência ao caso alemão e à "parceria estratégia, económica e energética" estabelecida entre a Alemanha e a Rússia, sob a alçada da antiga chanceler alemã, Angela Merkel. Como explicou Louçã, "Merkel foi uma das construtoras desta estratégia económica", tendo sido "apontada como a corresponsável" pelo facto da "energia" alemã "ser de Putin".
Porém, na base desta dependência da Alemanha pela energia russa está, considera, uma explicação bastante "racional": era uma energia "mais barata". Para reduzir "em 30%" a importação de fontes energéticas russas, substituindo-as por outras, o país "teria de subir os preços em 600% aos cidadãos alemães", assegurou Louçã.
Uma "guerra de informação"
Fazendo uma análise à guerra em si mesma, o antigo coordenador bloquista considerou que existem "muitas contradições" naquilo que descreve como sendo uma verdadeira "guerra de informação". Na sua opinião, existe "muito nevoeiro" acerca daquilo que são, ou não, as "informações reais".
Das negociações entre Rússia e Ucrânia "sabe-se pouco", aponta Francisco Louçã, relembrando que os 15 pontos listados no plano de paz que terá, alegadamente, sido delineado por ambas as partes, foram "atribuídos aos russos" por parte da Ucrânia.
Por outro lado, a "Ucrânia acusa a Rússia de ter usado armas químicas" em combate, algo que Moscovo nega ter acontecido e que tem enormes consequências ao nível da "destruição de vidas civis e de pessoas inocentes".
Também em território russo as "contradições" fazem-se sentir, com "ativistas", "protestantes" e "jornalistas" a condenarem publicamente a invasão à Ucrânia. Posto isto, Francisco Louçã considera que a "Rússia está a perder uma guerra, mesmo que conquiste objetivos militares". Isto porque, na sua perspetiva, o conflito tem sido "politicamente desastroso" para Moscovo.
Perante tantas indefinições e contradições existem, ainda assim, algumas certezas. Neste âmbito, o fundador do Bloco de Esquerda lembrou os mais recentes números divulgados por organizações independentes, que dão conta de alguns milhares de militares russos mortos na sequência da guerra.
Contas feitas, Moscovo "poderá ter perdido mais militares" do que os Estados Unidos durante os "20 anos" de investida militar no "Iraque e Irão". Ou seja, a "resistência" ucraniana tem sido "maior" do que aquilo que os russos esperavam, apontou Francisco Louçã.
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