BE quer voto de condenação à agressão russa e pede investigação de crimes

O BE apresentou, esta segunda-feira na Assembleia da República, um voto de condenação "da agressão da Federação Russa à Ucrânia", pedindo uma "investigação independente de todos os crimes de guerra" e a "efetiva responsabilização dos seus autores".

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Lusa
04/04/2022 13:51 ‧ 04/04/2022 por Lusa

Política

Rússia/Ucrânia

No projeto de voto de condenação, que deu hoje entrada no parlamento e ao qual a agência Lusa teve acesso, o BE refere que dia 24 de fevereiro começou "a agressão da Federação Russa à Ucrânia" e que, "sob ordens do presidente Vladimir Putin, as forças armadas russas iniciaram uma invasão em larga escala do território ucraniano".

"Os violentos combates e bombardeamentos atingiram cidades, vilas e aldeias ucranianas e somam-se relatos de ataques a alvos civis, que causaram já milhares de vítimas mortais", lamenta o partido liderado por Catarina Martins.

De acordo com o texto do grupo parlamentar bloquista, "a guerra criou a maior crise de refugiados na Europa desde a II Guerra Mundial".

"As imagens de destruição de cidades e vilas, bem como a evidência de ataques contra civis, não deixam ninguém indiferente. Se essas informações já eram preocupantes nas primeiras semanas de guerra, a retirada das tropas russas da região de Kyiv desvendou uma escalada de horror", condena, destacando os crimes de guerra de Bucha, que "não podem passar impunes".

Citando o Secretário-Geral da ONU, António Guterres, as imagens de Bucha são chocantes e "é essencial que uma investigação independente leve a uma efetiva responsabilização" dos seus autores.

Desta forma, o BE pretende que o parlamento português condene "a agressão da Federação Russa e a invasão da Ucrânia e insta à investigação independente de todos os crimes de guerra e à efetiva responsabilização dos seus autores".

Também hoje deu entrada na Assembleia da República um projeto de voto de condenação, da autoria da Iniciativa Liberal, que repudia o "brutal massacre" de Bucha, nos arredores de Kyiv, considerando "o exemplo máximo dos continuados crimes de guerra que a Rússia" está a cometer na Ucrânia.

A organização dos direitos humanos Human Rights Watch denunciou, no domingo, que nas zonas da Ucrânia sob controlo russo foram feitas "execuções sumárias", entre outros "abusos graves" que podem configurar crimes de guerra.

A retirada das tropas russas do norte de Kyiv permitiu ver indícios de alegadas execuções sumárias de várias centenas de civis no subúrbio de Bucha e noutras áreas.

A Ucrânia acusou a Rússia de genocídio, alegando ter encontrado os corpos de 410 civis na região de Kyiv, atualmente sob controlo ucraniano.

Na cidade de Bucha, a noroeste da capital ucraniana, cerca de 300 pessoas foram enterradas em valas comuns, de acordo com as autoridades ucranianas.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.417 civis, incluindo 121 crianças, e feriu 2.038, entre os quais 171 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.

Leia Também: Rússia já colocou minas em 80 mil quilómetros quadrados na Ucrânia

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