Na "Conferência Europeia pela na Paz" com a presença de líderes da esquerda europeia, Catarina Martins defendeu que no caso da invasão russa da Ucrânia "a primeira arma da paz é a punição da oligarquia russa, porque uma guerra é sempre uma agressão e é sempre um negócio", acrescentando que "se houve sanções contra a oligarquia russa, foram tímidas".
Na intervenção que fez, a coordenadora do BE (Bloco de Esquerda) deu o exemplo do "Governo português", que considerou ser "a imagem dessa timidez: enquanto criticava a agressão de Putin, e bem, recusava enfrentar a oligarquia de Putin que faz negócio em Portugal", visto que "a guerra não se trava apenas com palavras, trava-se com ação".
Catarina Martins exigiu uma "ação imediata" por parte de Portugal para "acabar com o regime de privilégio dos vistos gold e propor na Europa o cancelamento da dívida externa da Ucrânia".
Na conferência organizada pelo partido espanhol Podemos (extrema-esquerda) participaram uma dezena de personalidades da esquerda europeia, como a secretária-geral deste partido e ministra dos Direitos Sociais espanhola, Ione Belarra, ou o antigo líder do Partido Trabalhista britânico, Jeremy Corbyn, e ainda representantes da França Insubmissa, do Syriza (Grécia) e do Sinn Fein (Irlanda, para só citar alguns.
A líder do BE considerou que uma segunda "arma" para conseguir a paz na Ucrânia é a justiça climática, criticando o "cinismo da elite europeia, que vê a guerra como oportunidade para novos negócios no armamento como na energia fóssil", dando o exemplo da Alemanha e do negócio da energia, com Ângela Merkel, ex-chanceler "da direita, a abrir a porta aos gasodutos da Rússia", e com Gerard Schroder, ex-chanceler "socialista", por se sentar na administração da Gazprom e de outras gigantes petrolíferas russas.
A terceira "arma da paz" é, para Catarina Martins, "a negociação para a própria paz", defendendo a realização de uma Conferência de Paz, sob a égide das Nações Unidas, "que construa a paz começando na proposta já avançada pela Ucrânia: compromisso com a neutralidade com a retirada imediata do invasor".
Uma quarta e última "arma da paz" é para ela a da "solidariedade com o povo ucraniano e com a sua luta de resistência à invasão e solidariedade com todas as vítimas da guerra" e também "com quem corajosamente se levanta na Rússia contra a guerra e contra Putin"
Catarina Martins fez ainda questão em deixar "uma palavra muito especial" aos "companheiros" presentes da França Insubmissa, considerando que o candidato deste movimento francês, Jean-Luc Mélenchon, fez uma "grande campanha" e desejou que essa força "se alastre e que, na eleição deste fim-de-semana, contribua para a derrota de Marine Le Pen", do partido de extrema-direita Frente Nacional.
"Com a certeza que há uma esquerda capaz de, mais cedo do que tarde, derrotar o liberalismo em nome de quem trabalha", sublinhou a coordenadora do BE.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de dois mil civis, segundo dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A ofensiva militar causou já a fuga de mais de 12 milhões de pessoas, mais de 5 milhões das quais para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU -- a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
[Notícia atualizada às 13h17]
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