Jerónimo pede diálogo e diz que posição do PCP é "coerente e honrada"
Secretário-geral comunista visitou este sábado a Ovibeja e voltou pedir uma solução pacífica para a guerra, mas continuou a descrever a invasão russa como uma "operação militar" que condena.
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Política Guerra na Ucrânia
A ausência do Partido Comunista Português (PCP) do hemiciclo da Assembleia da República, durante a intervenção do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, voltou a ser tema de questões este sábado durante a visita do secretário-geral do partido à Ovibeja. Jerónimo de Sousa pediu uma resolução diplomática para a guerra na Ucrânia e mostrou solidariedade para com o povo ucraniano, mas voltou a classificar a invasão russa como uma "operação militar" - ainda que condenável.
Respondendo às declarações do Presidente da República sobre a posição dos comunistas, Jerónimo disse que este "lá saberá o significado" da expressão usada, mas garantiu ter "muito orgulho em ser português".
"Ser português, ser patriota, implica naturalmente a solidariedade com aqueles que sofrem, designadamente aqueles que são vítimas da guerra, os civis, e nós condenamos esse ataque àqueles que no quadro civil poderiam manter a sua vida com normalidade", afirmou Jerónimo de Sousa.
Este sábado, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que os portugueses são "quase todos ucranianos, há alguns que não são, mas a maioria esmagadora dos portugueses pensa aquilo que pensa o Presidente da República".
O líder comunista acrescentou que o posicionamento contra a guerra do PCP é "claro", deixando um pedido para que aumente o diálogo. "Tem de haver um grande empenhamento de, em vez de se falar em armas, em armas, em armas, o que se deve procura fazer é que se dialogue, que se procure uma solução negociada. Exerça-se a diplomacia", disse.
Considerando que a invasão russa é "uma operação militar" que o PCP condena, e que a guerra é "incontornável", Jerónimo de Sousa também reconhece que é preciso pensar em "uma resposta capaz de servir aqueles dois povos e humanidade".
O secretário-geral comunista comentou também a ida de António Guterres a Moscovo, assim como o retratamento do Papa Francisco em relação a uma visita a Kyiv. Sobre o secretário-geral das Nações Unidas, Jerónimo diz que o PCP "faz votos para que consiga cumprir a sua missão" de "promover a paz", e que sejam dados "passos adiante para procurar uma solução que termine com a guerra e encontre a resposta para toda aquela região do leste".
"As condições podem não estar criadas: fiquei preocupado, por exemplo, com a decisão do Papa Francisco de achar que não tem condições para promover a paz. Mas eu acho que se deveria continuar a fazer um esforço de todos aqueles que amam a paz, e que são contra a guerra, de conseguir ter uma solução pacífica", reiterou.
Sobre as críticas de que os comunistas têm apoiado a Rússia e repetido a propaganda do Kremlin, Jerónimo ironizou sobre as críticas de "todos os comentadores" contra o PCP, mas deixou claro que, para o seu partido, "estamos perante uma Rússia capitalista, em que existem grupos económicos e financeiros em que o PCP claramente se demarca".
"A nossa posição, o primeiro ato de solidariedade que cometemos é exigir que os jovens comunistas presos recentemente, e não se sabe bem onde estão, que sejam libertados. O Partido Comunista ucraniano neste momento ainda está à espera de uma resolução do tribunal para saber se é eliminado ou não: há onze forças políticas progressistas na sua generalidade, com assento parlamentar, que viram suspensas todas as suas atividades. E neste quadro, nós consideramos que, independentemente das opções em relação a esta ou aquela figura, que essa solidariedade deve funcionar em dois sentidos e não apenas num", mencionou ainda, sobre a suspensão de atividades de partidos ucranianos pelo governo do país.
Na quinta-feira, o Partido Comunista Português optou por se ausentar da intervenção de Zelensky no Parlamento, via videoconferência, acusando o líder ucraniano de promover xenofobia e extremismo.
Desde o início da invasão da Rússia a 24 de fevereiro, já morreram mais de 2.400 civis ucranianos na guerra, segundo os dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos. No entanto, a agência da ONU alerta que o número real de mortos deverá ser muito superior, tendo em conta o elevado número de civis mortos em cidades bombardeadas e sitiadas pelos russos, e as valas comuns que vão sendo encontradas em cidades após a retirada de tropas.
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