Isabel Moreira, deputada pelo PS na Assembleia da República, elogiou a postura detida pelo secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) na mediação do conflito entre a Rússia e a Ucrânia, dizendo mesmo que, "desde o início, ele fez declarações como nunca outro secretário-geral da ONU fez relativamente a um dos seus membros permanentes".
A socialista rejeitou, assim, na CNN Portugal, a ideia de que a intervenção de António Guterres face ao Kremlin tenha sido feita "com pezinhos de lã". Isto porque Guterres tem vindo, "desde o início" da guerra, a ser muito claro ao afirmar "que a atuação da Rússia era uma violação clara da carta das Nações Unidas e do Direito Internacional Público". Foram "das declarações mais duras que algum secretário-geral da ONU fez, historicamente".
Relativamente às conversações recentes com Vladimir Putin, Isabel Moreira considerou ter sido "um passo muito importante" quando António Guterres veio "dizer-lhe claramente que ele tinha feito uma invasão e tentou negociar corredores humanitários" para ajudar civis a escaparem das cidades mais afetadas pelo conflito. "Mas aquilo que ele já estava a fazer, e algumas vezes de uma forma discreta, é também muito importante", asseverou.
Tudo isto apesar de, na sua ótica, ser "muito difícil de convencer o presidente russo", especialmente por causa do que "parece ser o seu objetivo obsessivo". Por isso, a deputada acabaria por sustentar que é "para nós difícil acreditar que ele entre em qualquer negociação de boa fé".
Relativamente às críticas recentes que têm sido feitas à ONU, Isabel Moreira começou por relembrar que a "ONU não é só o Conselho de Segurança" e que "o secretário-geral, que é o único órgão unipessoal", precisa sempre de "fazer uma diplomacia muito cautelosa e discreta".
A socialista lembra ainda que, no contexto da guerra na Ucrânia, "há secretários-gerais adjuntos que estão no terreno neste momento" a trabalhar para a resolução do conflito. "Há um secretário-geral adjunto que está no terreno, nomeadamente, a tratar de corredores humanitários e que tem falado quer com a Ucrânia, quer com a Rússia" neste âmbito, acrescentou.
Prosseguindo com um discurso de defesa da organização humanitária, Isabel Moreira apelou a que nunca se deixe de ter a "noção de que a ONU é, talvez, a organização que, a nível mundial, mais vai a todo o lado e trata das pessoas mais esquecidas, mais vulneráveis e em situações de maior desespero".
A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro, desencadeando uma guerra que provocou um número de baixas civis e militares ainda por determinar. No entanto, a ONU confirmou na quarta-feira que pelo menos 2.787 civis morreram e 3.152 ficaram feridos, embora tenha mantido o alerta para a probabilidade de os números serem consideravelmente superiores.
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