Em causa, de acordo com o requerimento a que a agência Lusa teve acesso, está a carta enviada, no início de abril, pelo presidente da Associação dos Ucranianos em Portugal, Pavlo Sadokha, à secretária-Geral do SIRP, Graça Mira Gomes, na qual se alertava para "uma situação muito grave sobre a segurança dos ucranianos refugiados de guerra que vão chegando a Portugal, a segurança dos familiares deles na Ucrânia e a segurança da Ucrânia em tempos de invasão russa".
De acordo com uma notícia avançada hoje pela Rádio Renascença, esta carta com denúncias de que refugiados ucranianos estavam a ser recebidos por associações pró-russas não teve ainda resposta, num momento em que já passou um mês sobre o seu envio.
"Constatamos assim que cerca de um mês antes de ser tornado público o caso de Setúbal, a senhora embaixadora Graça Mira Gomes tinha sido informada do envolvimento destas associações junto dos cidadãos ucranianos em Portugal, e que já anteriormente tanto o Alto Comissariado para as Migrações, como a tutela também teriam tido conhecimento dessa informação", refere o mesmo requerimento.
A IL considera estes factos de "extrema gravidade" e por isso defende ser "da maior urgência ouvir explicações aprofundadas" no parlamento da secretária-geral do Sistema de Informações da República Portuguesa e da presidente do Alto Comissariado para as Migrações.
No final da semana passada, quando foi divulgada a notícia do Expresso com o caso concreto do acolhimento de refugiados envolvendo a Câmara Municipal de Setúbal, a Associação dos Ucranianos em Portugal disse haver "por todo o país" elementos pró-Putin nas organizações que estão a acolher refugiados ucranianos, alertando tratar-se de um fenómeno que se repete em toda a Europa.
De acordo com Pavlo Sadokha, a associação tinha alertado "há mais de um mês, os serviços secretos portugueses (Serviço de Informações de República Portuguesa) para a presença de agentes infiltrados nas organizações que estavam a dar apoio aos refugiados e a recolher informações sobre as suas famílias".
Hoje, a ministra da Coesão Territorial disse que aguarda com "tranquilidade" as conclusões da Inspeção-Geral de Finanças ao acolhimento de refugiados ucranianos pela Câmara de Setúbal e pediu para que não se faça "de um caso a regra".
O semanário Expresso noticiou na sexta-feira que ucranianos foram recebidos na Câmara de Setúbal por russos simpatizantes do regime de Vladimir Putin, que fotocopiaram documentos dos refugiados da guerra iniciada em 24 de fevereiro com a invasão militar russa da Ucrânia.
Segundo o jornal, pelo menos 160 refugiados ucranianos já teriam sido recebidos pelo russo Igor Khashin, membro da Associação dos Emigrantes de Leste (Edintsvo) e antigo presidente da Casa da Rússia e do Conselho de Coordenação dos Compatriotas Russos, e pela mulher, Yulia Khashin, funcionária do município.
Ainda de acordo com o Expresso, a Edintsvo foi subsidiada desde 2005 até março passado pela Câmara de Setúbal, e Igor Kashin e Yulia Khashin terão também questionado os refugiados sobre os familiares que ficaram na Ucrânia.
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