Combustíveis? Louçã fala em "mentira política" ou "insensatez" do Governo
Em causa está o facto de a descida anunciada não se ter refletido como esperado no preço final dos combustíveis.
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Política Francisco Louçã
Francisco Louçã, antigo coordenador do Bloco de Esquerda, considerou, esta sexta-feira, que o Governo esteve “mal” no que diz respeito à questão em torno da descida do Imposto Sobre Produtos Petrolíferos (ISP), que não se refletiu como esperado no valor do gasóleo e da gasolina. O economista considerou que o Executivo pode ter feito um “jogo político” de criação de expetativas.
“O Governo anunciou na semana passada a tal descida dos 15, aliás 20 cêntimos, mas cinco já tinham ocorrido. O primeiro-ministro somou os cinco mais 15”, começou por recordar Louçã, no seu habitual espaço de comentário na SIC Notícias.
Questionado sobre se este foi um “trunfo” para o primeiro-ministro, o antigo líder bloquista não teve dúvidas e explicou porquê.
“Foi um trunfo, aliás, numa situação extraordinária, foi na apresentação da proposta do Orçamento [do Estado]. Sendo que esta matéria, tanto que não é orçamental, que entrava em vigor na segunda-feira, quando o Orçamento só é votado no final de maio”, começou por apontar.
“Mas havia um trunfo político que era dar a ideia aos consumidores de que o gasóleo e a gasolina desceriam os tais 15 a 20 cêntimos - foi o que o primeiro-ministro disse”, acrescentou.
Recordando o facto de na segunda-feira existirem “três preços diferentes” no mercado e de o Governo ter reagido com “grande preocupação” sobre a “perceção da opinião pública”, o comentador entende que o “incómodo” demonstrado pelo Executivo representa “insensatez” ou “mentira política”.
“Na segunda-feira havia três preços diferentes no mercado: Havia o preço anterior, sem nenhuma alteração, havia o preço reduzido nos tais 15 cêntimos e havia o preço reduzido em quatro cêntimos ou até um pouco menos. E o Governo reagiu com grande preocupação sobre a perceção da opinião pública”, disse, recordando o apelo de António Costa para que os consumidores olhassem para as faturas das gasolineiras, dando a garantia de que o Governo tomaria medidas se necessário.
“No dia seguinte, tanto as autoridades de regulação como a própria ASAE vieram dizer que não tinha havido casos verificados. A ASAE dizia um caso em 200”, assinalou.
“Mas este incómodo mostrava que o Governo ou não tinha tido conhecimento do aumento do preço do crude, que é repercutido no preço da gasolina, e portanto não se apercebeu que o preço não ia descer, ou sabia e fez o jogo político de criação de expetativas e expetativas falsas. Fica mal nos dois casos”, considerou.
“Porque se enganou é mentira política, se foi enganado, por não ter os dados, é insensatez do Governo e de quem dá informação ao primeiro-ministro, porque o colocou na posição de fazer uma declaração que não se cumpriu, havendo ainda por cima muita sensibilidade sobre esta questão”, completou.
O antigo coordenador do Bloco de Esquerda aproveitou ainda para avisar que os preços dos combustíveis vão subir “permanentemente”, “por razões da sua escassez e da necessidade de transição energética” e “por causa da guerra na Ucrânia”.
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