Ana Gomes considerou que, apesar de o novo líder do PSD, Luís Montenegro, se ter afastado de "políticas xenófobas ou racistas", até então nunca se mostrou contra o entendimento do seu partido com o Chega nos Açores, o que não excluiu que possa vir a ocorrer um acordo no futuro.
"Ele falou em demarcar-se de políticas racistas e xenófobas, mas eu não vi nunca, até hoje, Montenegro demarcar-se, por exemplo, do acordo dos Açores", começou por dizer a antiga eurodeputada, em declarações na SIC Notícias, em análise ao 40.º Congresso do PSD.
"Portanto, não me parece que a formulação que ele arranjou à partida exclua que ele possa vir a arranjar um entendimento desses", notou. "Entendimento que, no meu ponto de vista, será extremamente negativo para o PSD, porque não vai permitir ao PSD recompor-se como o partido chave e aglutinador da Direita e do Centro-direita", acrescentou.
Recorde-se que, no discurso de encerramento do Congresso do PSD, Montenegro disse que nunca associará o partido "a qualquer política xenófoba ou racista", sem nunca se referir, contudo, ao partido liderado por André Ventura. Depois do discurso do novo presidente do PSD, o deputado do Chega Diogo Pacheco de Amorim destacou que não ouviu Montenegro dirigir palavras ao Chega, ouviu-o sim dizer que não tinha "linhas nem roxas, nem encarnadas, não tinha linhas".
Ana Gomes mostrou-se de acordo. "Eu também não", notou.
Aeroporto? "Há coisas que ainda estão por contar"
Ao comentar a polémica em torno do novo aeroporto de Lisboa, a comentadora admitiu que ficou "bastante perplexa" com este episódio e defendeu que ainda há coisas "por contar" em torno da controvérsia.
"Eu acho que, tanto o primeiro-ministro, como o Presidente da República, sabiam que estava em curso um estudo de uma decisão nas linhas que foram apresentadas. Até Moedas [presidente da Câmara de Lisboa] sabia, como veio dizê-lo, aliás, numa entrevista agora durante o congresso do PSD. E tinha havido uma negociação junto da ANA", sublinhou.
"Aparentemente, o que o primeiro-ministro não saberia é que Pedro Nuno ia anunciar essa decisão (...) Acho que há coisas que ainda estão por contar. O primeiro-ministro é habilidoso, disse que não conhecia o despacho, não disse que não conhecia o teor do despacho", acrescentou.
A antiga eurodeputada afirmou ainda que António Costa não demitiu Pedro Nuno Santos porque sabe "a falta que lhe faz no Governo", porque terá "chegado à conclusão que não terá havido má-fé" e porque "sabe o peso dele no Partido Socialista".
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