"Não é a primeira vez, nem será provavelmente a última: Portugal tem um primeiro-ministro que com uma mão aponta empresas a dedo (Galp e Endesa) e com a outra escolhe os benefícios que dá a algumas (Efacec)". Esta é a posição de Nuno Melo, presidente do CDS-PP, ao 'Caso Endesa', que resultou num despacho de António Costa a determinar que os serviços do Estado não podem pagar faturas da Endesa sem validação prévia pelo secretário de Estado do Ambiente e da Energia, João Galamba.
Para o líder centrista, "em Portugal, a economia começa a resvalar perigosamente para um sistema onde a arbitrariedade é regra e o medo de desagradar ao poder é frequente".
E, "falando de energia", acrescenta Nuno Melo, num comunicado a que o Notícias ao Minuto teve acesso, "é possível que o presidente da Endesa tenha sido alarmista ou parcial (o tempo o dirá)". Mas há "dois factos que não devem, nem podem ser ignorados".
Primeiro, destaca, "não há um só português que conheça exatamente as contas do acordo peninsular sobre o gás e muito menos os termos comparativos da negociação entre Portugal e Espanha com a UE", com Nuno Melo a considerar que "a oposição que está no Parlamento nem denuncia, nem pergunta". "O primeiro-ministro sente-se à vontade para fazer o que quer e como lhe apetece".
Portugal tem um primeiro-ministro que com uma mão aponta empresas a dedo (GALP e ENDESA) e com a outra escolhe os beneficios que dá a algumas (EFACEC ).
— Nuno Melo (@NunoMeloCDS) August 2, 2022
Em Portugal a economia resvala para um sistema onde a arbitrariedade é regra e o medo de desagradar ao poder é frequente (1/5)
Em segundo lugar, o Democrata Cristão frisa que "o primeiro-ministro permite-se elaborar um despacho que diz que as faturas de uma empresa em concreto têm de ser validadas por um secretario de Estado".
"Este estilo vingativo não é comum, nem normal na União Europeia, onde é suposto que seja o mercado a fazer as escolhas e a optar pelos melhores preços e qualidade de serviço. A partir deste gesto do primeiro-ministro, os empresários 'ficam a saber: ou se calam ou ‘levam', porque quem se mete com o PS, leva", acrescenta.
A nota termina com Nuno Melo a 'identificar' o que diz ser a "causa" que, "em 48 anos, o CDS sempre denunciou: maioria absoluta de um só Partido, sem controlo e sem limites". O presidente do CDS vinca ainda que "falta também uma oposição na Assembleia da República, capaz de fazer a diferença que o momento impõe".
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