Taiwan? "É ridículo dizer que Pelosi ameaçou a soberania chinesa"

Ana Gomes lembrou que a ida de Nancy Pelosi a Taiwan se tratou de um convite. Ao falar do "lóbi dos medrosos", Ana Gomes deixou uma reflexão: "Se vamos admitir que as democracias ficam de cócoras, depois não nos admiremos que os autocratas não nos respeitem".

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Carmen Guilherme
08/08/2022 08:53 ‧ 08/08/2022 por Carmen Guilherme

Política

Taiwan

Ana Gomes considerou, este domingo, que é “ridículo” afirmar que a presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Nancy Pelosi, “ameaçou a soberania” da China ao viajar para Taiwan e lembrou que esta foi uma visita feita a convite das autoridades da ilha.

No seu habitual espaço de comentário, na SIC Notícias, a antiga eurodeputada destacou que não concorda com a “tese de que à conta de não se poder fazer escalar” as tensões, também “não se fala de Direitos Humanos”. 

“A senhora Pelosi foi a Taiwan a convite das autoridades taiwanesas. E elas sabiam bem, melhor que ninguém, qual era o tipo de reações que isto desencadearia na China”, destacou. 

“Taiwan lembre-se é o principal fornecedor, cerca de 95%, dos semicondutores a nível global, e a própria China é um dos países que mais precisa dos semicondutores produzidos em Taiwan”, acrescentou, explicando que o presidente da China, Xi Jinping, precisa de mostrar “poderio militar” numa altura em que se aproxima o 20.º Congresso do Partido Comunista da China (PCC).

A comentadora notou ainda que os exercícios militares que acabaram por acontecer já estava planeados. 

“Estavam planeados. Foram anunciados. As autoridades taiwanesas e nos arredores sabiam o que, de alguma maneira, estava na calha”, afirmou.

“É ridículo vir-se dizer que a senhora Pelosi ameaçou a soberania chinesa”, acrescentou, frisando que esta foi uma visita “ordeira” e lembrando, mais uma vez, que a mesma ocorreu a convite de Taiwan.

“Esse lóbi dos medrosos, tese de que não podemos fazer nada para não escalar, está por todo o lado”, lamentou, ao comentar as críticas que chegaram de várias partes.

A ex-embaixadora deixou depois uma reflexão.

“E se Pelosi se tivesse intimado e não tivesse ido? Em que posição ficava a América e o próprio Ocidente”, questionou.

“Se vamos admitir que as democracias ficam de cócoras, depois não nos admiremos que os autocratas não nos respeitem”, rematou, lembrando que há “muitos jogos” que têm a ver com ”interesses internos” e o “congresso que vem aí”.

Recorde-se que Nancy Pelosi é a mais importante responsável norte-americana a visitar a ilha em 25 anos. A China, que considera Taiwan parte do seu território, chamou à visita uma grande provocação e ameaçou os Estados Unidos de retaliação.

Leia Também: Embaixadora dos EUA diz que China não deve insistir na "provocação"

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