Ana Gomes considerou, este domingo, que é “ridículo” afirmar que a presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Nancy Pelosi, “ameaçou a soberania” da China ao viajar para Taiwan e lembrou que esta foi uma visita feita a convite das autoridades da ilha.
No seu habitual espaço de comentário, na SIC Notícias, a antiga eurodeputada destacou que não concorda com a “tese de que à conta de não se poder fazer escalar” as tensões, também “não se fala de Direitos Humanos”.
“A senhora Pelosi foi a Taiwan a convite das autoridades taiwanesas. E elas sabiam bem, melhor que ninguém, qual era o tipo de reações que isto desencadearia na China”, destacou.
“Taiwan lembre-se é o principal fornecedor, cerca de 95%, dos semicondutores a nível global, e a própria China é um dos países que mais precisa dos semicondutores produzidos em Taiwan”, acrescentou, explicando que o presidente da China, Xi Jinping, precisa de mostrar “poderio militar” numa altura em que se aproxima o 20.º Congresso do Partido Comunista da China (PCC).
A comentadora notou ainda que os exercícios militares que acabaram por acontecer já estava planeados.
“Estavam planeados. Foram anunciados. As autoridades taiwanesas e nos arredores sabiam o que, de alguma maneira, estava na calha”, afirmou.
“É ridículo vir-se dizer que a senhora Pelosi ameaçou a soberania chinesa”, acrescentou, frisando que esta foi uma visita “ordeira” e lembrando, mais uma vez, que a mesma ocorreu a convite de Taiwan.
“Esse lóbi dos medrosos, tese de que não podemos fazer nada para não escalar, está por todo o lado”, lamentou, ao comentar as críticas que chegaram de várias partes.
A ex-embaixadora deixou depois uma reflexão.
“E se Pelosi se tivesse intimado e não tivesse ido? Em que posição ficava a América e o próprio Ocidente”, questionou.
“Se vamos admitir que as democracias ficam de cócoras, depois não nos admiremos que os autocratas não nos respeitem”, rematou, lembrando que há “muitos jogos” que têm a ver com ”interesses internos” e o “congresso que vem aí”.
Recorde-se que Nancy Pelosi é a mais importante responsável norte-americana a visitar a ilha em 25 anos. A China, que considera Taiwan parte do seu território, chamou à visita uma grande provocação e ameaçou os Estados Unidos de retaliação.
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