O primeiro-ministro, António Costa, reagiu à demissão da ministra da saúde, Marta Temido, indicando que não se sentiu "em condições de não aceitar e não respeitar o pedido, desta vez".
Em declarações aos jornalistas, afirma não ter ainda um nome pensado para a sucessão e a substituição acontecerá, por isso, "quando for oportuno", assumindo que "não será rápida".
"Não será rápida [a substituição], tendo em conta que hoje tenho todo o dia de trabalho já fixado para preparar o Conselho de Ministros para podermos aprovar o pacote de apoio ao rendimento das famílias, por isso hoje não tenho condições", explicou o político socialista acrescentando que só na próxima semana se poderá concentrar nesta questão, tendo em conta as deslocações que tem agendadas nos próximos quatro dias.
Costa espera, ainda, poder contar com a ministra para apresentar em Conselho de Ministros, no próximo dia 15 de setembro, a reforma aprovada em julho do Serviço Nacional de Saúde de forma a não termos mais atrasos na implementação destes Novos Estatutos.
Agradecendo o trabalho da ministra da Saúde, o primeiro-ministro admitiu entender que a morte de utentes seja "uma linha vermelha" para quem tutela uma pasta como a da Saúde. Referindo-se especificamente à morte de uma grávida no sábado, Costa admitiu que isso pudesse ter sido uma "gota de água".
Ressaltando a dureza de enfrentar a tutela num período como a pandemia, Costa afirma compreender as razões de Temido.
Sobre as políticas do Governo, Costa diz "não ver razões" para fazer uma reformulação das mesmas. "As políticas não vão mudar, são do Governo", frisou o chefe do executivo. "Achei graça até ver os principais críticos do Governo a dizer que o que importa é a mudança de políticas. Quem quer mudança de políticas tem de derrubar o Governo", respondeu António Costa aos jornalistas.
Quanto às reações da oposição, o chefe do executivo afirma que "raramente diz coisas muito originais", desvalorizando as mesmas.
Segundo o primeiro-ministro, "este Governo tem as políticas que constam do programa de Governo e este programa de Governo é o que foi legitimado pelo voto dos portugueses".
"A mudança de membros do Governo é uma mudança de personalidade, é uma mudança de energia, é uma mudança de estilo. São mudanças, mas não são mudanças de política. As políticas são do Governo", explicou.
O mesmo se passa com os diplomas do executivo, segundo António Costa, que "não são da ministra A ou da ministra B", mas sim do Governo.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, assumiu hoje, em nota publicada no site oficial, que aguarda o pedido de exoneração da ministra da Saúde, Marta Temido, e a proposta de nomeação do seu substituto.
"O Presidente da República foi informado pelo Primeiro-Ministro, no início do dia de hoje, da intenção da Ministra da Saúde, Marta Temido, de cessar as suas funções, posição essa que aceitava", lê-se num texto colocado na página da Presidência na internet com o título "Nota sobre a intenção da Ministra da Saúde cessar as suas funções".
O texto refere depois que o "Presidente da República aguarda a formalização do pedido de exoneração, bem como da proposta de nomeação de novo titular", nos termos da Constituição.
Marta Temido apresentou hoje a demissão por entender que "deixou de ter condições" para exercer o cargo, que foi aceite pelo primeiro-ministro.
[Notícia atualizada às 16h23]
Leia Também: Marta Temido. Um mandato marcado por tensões com profissionais de saúde