A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, tinha já considerado que os cálculos das pensões que o Governo enviou ao parlamento "são uma profunda aldrabice", pelo que o partido vai requerer a audição do Grupo de Estudos e Planeamento da Segurança Social.
A líder bloquista deixou esta terça-feira um comentário, nas redes sociais, onde reitera que as pensões eram primeiramente "uma forma de apoio, depois viu-se que era corte".
Na mesma publicação, mencionou ainda que o Governo deu a "desculpa da sustentabilidade", o que explica como "argumento que a direita acolheu de braços abertos, sempre de olho na privatização das pensões".
Por fim a bloquista, concluiu: "Depois vieram as contas… e era outro truque". Na opinião da líder do partido de esquerda, as "contas que dizem o que é que acontecia se nós atualizássemos as pensões e não existisse a inflação são só mais uma aldrabice, são só mais um truque".
Na segunda-feira, enquanto falava aos jornalistas no mercado do Fundão, no distrito de Castelo Branco, Catarina Martins frisou que "é profundamente lamentável que o Governo tente justificar uma decisão política de revisão em baixa das pensões, descredibilizando a Segurança Social".
Primeiro era uma forma de apoio, depois viu-se que era corte. Então veio a desculpa da sustentabilidade (argumento que a direita acolheu de braços abertos, sempre de olho na privatização das pensões). Depois vieram as contas… e era outro truque.
— Catarina Martins (@catarina_mart) September 20, 2022
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O primeiro-ministro rejeitou, no dia 12, ter usado de qualquer truque ao anunciar o aumento das pensões, entre este ano e o próximo, e disse que o Governo quis evitar um acréscimo de despesa permanente de dois mil milhões de euros.
António Costa sublinhou que, desde 2015, o Governo conseguiu aumentar em 26 anos a capacidade do fundo de estabilização financeira da Segurança Social, mas alertou que, se se aumentassem no próximo ano as pensões de acordo com a fórmula de cálculo em vigor, seriam perdidos 13 destes 26 anos, o que volta a referir o estudo hoje entrado no parlamento.
"O que não poderíamos fazer de forma responsável era ter um ano de inflação absolutamente extraordinário e atípico, como este, e transformá-lo num efeito permanente", afirmou António Costa, em entrevista à TVI/CNN Portugal.
O primeiro-ministro reiterou ainda que o executivo teve duas preocupações na hora de decidir como proteger os pensionistas do aumento da inflação: garantir a recuperação do poder de compra "perdido hoje" e "garantir a sustentabilidade futura da Segurança Social".
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