"As nove ONGA que levaram o Governo português a tribunal para travar o projeto de construção do aeroporto do Montijo, após reunião com os responsáveis do PSD, puderam constatar um elevado compromisso da direção deste partido com a realização de uma avaliação ambiental estratégica (AAE) séria", adiantam as organizações em comunicado.
Na reunião que decorreu na segunda-feira, estas organizações ambientais apresentaram à direção social-democrata um "calendário realista" para a realização do procedimento de avaliação legalmente obrigatório, que começa com a "crucial fase de definição de âmbito e termina no final de 2023 com a aprovação do relatório ambiental".
De acordo com o comunicado, as ONGA alertaram ainda que a transparência do processo ficaria "irreparavelmente inquinada" se, nesta fase, se voltasse a "cair no erro de limitar a AAE a localizações concretas previamente definidas", tendo em conta que a "identificação das alternativas a comparar deve resultar apenas da fase de definição de âmbito da AAE".
A coligação de associações de ambiente assegurou também "todo o interesse e disponibilidade em participar com outros atores chave" na fase inicial da definição de âmbito, de modo a identificar os riscos ambientais e permitir qualificar e acelerar o processo de decisão.
As ONGA afirmam ainda que continuam a aguardar, com "elevada expectativa", a marcação por parte do Governo e do presidente da Câmara Municipal de Lisboa das reuniões que foram solicitadas.
Esta posição foi manifestada pela Almargem -- Associação de Defesa do Património Cultural e Ambiental do Algarve, ANP|WWF -- Associação Natureza Portugal, ROCHA -- Associação Cristã de Estudos e Defesa do Ambiente, FAPAS -- Associação Portuguesa para a Conservação da Biodiversidade, GEOTA -- Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente, LPN -- Liga para a Proteção da Natureza, Quercus -- Associação Nacional de Conservação da Natureza, SPEA -- Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves e Zero -- Associação Sistema Terrestre Sustentável.
Em 12 de setembro, numa entrevista à TVI/CNN Portugal, o primeiro-ministro adiantou que está muito perto de ter um entendimento com o PSD sobre "a metodologia" a seguir para a localização do novo aeroporto de Lisboa, de modo a tomar uma "decisão definitiva" no final de 2023.
"Creio que vamos ter condições para, eu diria que no próximo ano, termos essa decisão. Tenho tido contactos com o novo líder do PSD, acho que não estaremos muito distantes de podermos fixarmo-nos sobre uma metodologia para a realização da avaliação ambiental estratégica que é necessária entre as diferentes soluções possíveis", afirmou António Costa.
Questionado se vão ser estudadas novas localizações para além de algumas já conhecidas, o primeiro-ministro disse não querer perturbar o diálogo com o líder do PSD, Luís Montenegro, que tem decorrido "de forma serena".
Perante a insistência da pergunta, Costa respondeu que vai ser feita a avaliação ambiental estratégica às alternativas que tanto ele como Montenegro entendam que devem ser sujeitas a essa avaliação.
No final de julho, o presidente do PSD afirmou que o partido estava a ouvir personalidades e instituições sobre a futura solução aeroportuária, sem fixar um prazo.
"No PSD nós estamos a fazer um conjunto de audições com técnicos especializados e entidades com opinião formada sobre o tema e que podem ajudar-nos a ter um retrato completo sobre o tema", afirmou Luís Montenegro na ocasião.
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