Numa declaração aos jornalistas nos Passos Perdidos, na Assembleia da República, André Ventura abordou as declarações do ministro das Finanças, Fernando Medina, que considerou não ser "adequado" estar antecipar alterações do IRC, depois de o ministro da Economia ter defendido o benefício de uma redução transversal deste imposto.
Para André Ventura, "este tipo de divergências só descredibiliza o Governo, gera insegurança nas pessoas e instabilidade no mercado, e isso tem que acabar".
Nesse sentido, o líder do Chega disse ter escrito à Presidência da República, pedindo a Marcelo Rebelo de Sousa que "chame a atenção do Governo de que o cenário macroeconómico tem que ser posto em cima da mesa e de que os ministros não podem andar a discutir em praça pública e a divergir em praça pública numa matéria tão importante".
"Nós entrámos em contacto hoje com a Presidência da República, como terceiro maior partido, e pedimos ao Presidente que tome intervenção sobre isto, que chame o Governo à atenção, e que peça que haja coordenação entre os membros do Governo", disse.
O líder do Chega disse ainda ter pedido a Marcelo Rebelo de Sousa que "influencie o Governo no sentido de os outros partidos", além do PSD, serem envolvidos na escolha da localização do novo aeroporto de Lisboa.
"António Costa anunciou que iria receber Luís Montenegro sexta-feira, o que para nós é positivo, que os dois partidos maiores da Assembleia da República se encontrem. Mas este é um projeto de várias décadas e, portanto, deve envolver todos os maiores partidos da Assembleia da República", considerou.
Segundo André Ventura, "há sinais todos os dias em sondagens de que o sistema político está a mudar, e de que há partidos como o Chega e a Iniciativa Liberal, que cada vez mais têm também uma expressão política relevante".
"Portanto, hoje o Chega voltou e volta a apelar a Marcelo Rebelo de Sousa que, quer em matéria económica, quer em matéria das grandes obras e das grandes infraestruturas, não deixe o Governo fazer o que quer, e não deixe que o binómio PS-PSD continue a governar Portugal da forma que quer", disse.
Na quarta-feira, Fernando Medina remeteu eventuais alterações fiscais para as empresas, nomeadamente ao nível do IRC, para as negociações com os parceiros sociais, depois de o ministro da Economia ter defendido o benefício de uma descida transversal deste imposto.
"Isso é uma matéria que neste momento está numa negociação de boa-fé, de espírito aberto, de diálogo e respeito pelos parceiros na mesa das negociações e não na praça pública", disse Fernando Medina, em declarações aos jornalistas à margem do 7.º Congresso dos Contabilistas Certificados, que decorre em Lisboa.
Depois de o ministro da Economia, António Costa Silva, ter defendido que uma redução do IRC transversal a todas as empresas seria "um sinal extremamente importante para toda a indústria" e "extremamente benéfico" face à atual crise, Medina preferiu remeter uma posição para o final das negociações.
"Nesta matéria do IRC, como toda a matéria do acordo, o Governo tem uma voz. A voz que é definida coletivamente, a voz que é o primeiro-ministro, a voz dos ministros que participam numa negociação", disse, acrescentando: "eu, pelo menos, irei reservar-me para o final da negociação para falar sobre o assunto".
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