A reunião da Comissão Política do PS, marcada para as 21:00, na sede nacional deste partido, em Lisboa, acontece numa fase em que a proposta do Governo de Orçamento do Estado para 2023 está em fase de discussão na especialidade, depois de ter sido aprovada na generalidade com os votos da maioria absoluta socialistas e as abstenções dos deputados único do Livre e do PAN.
No plano interno, esta reunião do órgão de direção alargada dos socialistas realiza-se poucos dias após as eleições para as comissões políticas das federações deste partido, em que prevaleceu a continuidade em relação aos cargos dirigentes destas estruturas.
De acordo com os resultados divulgados no domingo pela direção do PS, os militantes socialistas elegeram seis novos líderes federativos, em Braga, Bragança, Oeste, Porto, Portalegre e Vila Real, e reelegeram os presidentes de 13 federações.
Mas a Comissão Política Nacional do PS também vai acontecer após um período em que se colocaram dúvidas sobre o cumprimento da lei das incompatibilidades por parte de vários membros dos executivos, atingindo os ministros das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, da Saúde, Manuel Pizarro, da Ciência, Elvira Fortunato, e da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa.
E coincide com um momento em que está a ser criticada a atuação politica do secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, Miguel Alves, num caso referente às suas anteriores funções de presidente da Câmara de Caminha.
Vários partidos da oposição, como o PSD, consideram que Miguel Alves "não está suficientemente habilitado" para se manter em funções no Governo, quer por não ter conseguido esclarecer o que o levou a adiantar 300 mil euros a um empresário para a construção de um centro de exposições que ainda não começou a ser edificado, quer por ser arguido em processos.
As críticas estenderam-se ao PS com a ex-ministra Alexandra Leitão a lamentar o silêncio e o teor da entrevista concedida por Miguel Alves ao JN e TSF, e a lembrar que em 2016 três secretários de Estado saíram do executivo de António Costa depois de terem sido constituídos arguidos.
Daniel Adrião, membro da Comissão Política do PS e que lidera a minoria de oposição à direção do PS, manifestou já apoio a esta posição de Alexandra Leitão.
"A minha camarada Alexandra Leitão teve a coragem, qualidade rara em política, mas que nela não rareia, de dizer em voz alta o que muitos pensam e sussurram em conversas de pé de orelha, mas que não têm o destemor de afirmar em público. Sucede, que Alexandra Leitão verbalizou uma mais do que elementar inferência retirada por qualquer cidadão médio: Miguel Alves não tem condições para se manter no governo. Das duas uma: Ou já se devia ter demitido ou já devia ter sido demitido", escreveu Daniel Adrião nas redes sociais.
Na entrevista que concedeu ao JN e TSF, o secretário de Estado Ajunto do primeiro-ministro e ex-presidente da Câmara de Caminha, que está a ser investigado pelo Ministério Público, alegou que esteve em silêncio porque dirigiu as primeiras explicações à Procuradoria-Geral da República (PGR).
Na semana passada, o primeiro-ministro foi questionado se mantém a confiança política no seu secretário de Estado e respondeu: "Com certeza, senão não estaria como membro do Governo", disse.
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