A Assembleia da República despediu-se, esta segunda-feira, de Jerónimo de Sousa, com o presidente da Assembleia da República a destacar a "cordialidade, simpatia" e "contribuição política" do ex-líder do PCP, mas nem todas as bancadas o homenagearam da mesma forma.
Após as palavras de Augusto Santos Silva, que agradeceu ao antigo secretário-geral comunista o trabalho de "décadas" - primeiro na Assembleia Constituinte e depois na Assembleia da República - o deputado foi aplaudido de pé pelas bancadas à esquerda e PSD, tendo os deputados da Iniciativa Liberal aplaudido sentados. A bancada do Chega foi a única que não aplaudiu.
Um pormenor que a deputada socialista Isabel Moreira reparou mais tarde, depois de ter elogiado, através de uma publicação no Twitter, a "justiça" feita ao "último deputado da Constituinte".
Tenho de fazer uma correção . Não percebi que a @LiberalPT não aplaudiu de pé .
— Isabel Moreira (@IsabelLMMoreira) November 22, 2022
Nem todos os comentários foram, porém, positivos, com muitos a criticar que se coloque a "cegueira ideológica" à frente dos "interesses do país" e outros a justificar que Jerónimo representava um partido cuja identidade é "repressiva e antidemocrática". Alguns internautas apontam também, naquela rede social, que o antigo secretário-geral do PCP defendia ditaduras como a da Coreia do Norte, de Cuba ou da Venezuela.
Por outro lado, o diplomata Francisco Seixas da Costa assinalou que o Iniciativa Liberal se comportou como o Chega, ao não se associar à homenagem a Jerónimo de Sousa, o que "só comprova que a sua íntima natureza não é muito diferente".
O Chega não saudou Jerónimo de Sousa, na sua saída do parlamento. Acho que o homenageado deve agradecer. O facto da Iniciativa Liberal se ter comportado como o Chega só comprova que a sua íntima natureza não é muito diferente, o que, para mim, sempre foi óbvio e muito evidente.
— Francisco Seixas da Costa (@seixasdacosta) November 22, 2022
Outros comentários publicados nas redes sociais partilham a mesma visão de que Jerónimo merecia a ovação de todas as bancadas e de que aquelas que não o fizeram são, essas sim, antidemocráticas.
O último Deputado da Assembleia Constituinte cessou funções hoje, foi aplaudido de pé por todos, exceto pelos fascistas...
— José Eduardo (@j_edzz) November 21, 2022
Não podia ter saído de melhor forma! pic.twitter.com/MPzQ29dh3s
A IL com a atitude que teve em relação a Jerónimo de Sousa (que dedicou anos da sua vida na AR, sempre com elevação) provou que não cumpre sequer mínimos democráticos de um partido com assento na AR! Que tristeza.
— Laura (@lauracarvalhob3) November 21, 2022
O não aplauso da IL e chega à despedida parlamentar do Jerónimo, só me lembra quando o Bolso não assinou o prémio Camões ao Chico Buarque: o não aplaudirem, é uma segunda conquista para nós, para o legado do camarada e da democracia.
— Carmen Granja (@CarmenGranja5) November 21, 2022
O não aplauso das bancadas parlamentares do ch e da il na justa homenagem do parlamento a Jerónimo de Sousa é tão bom como o restante aplauso das outras bancadas parlamentares.
— Filipe Freitas (@Filipe_CFreitas) November 21, 2022
É bom saber que estamos do lado certo da luta!
Recorde-se que Jerónimo de Sousa apresentou no dia 8 de novembro a renúncia ao mandato de deputado à Assembleia da República, tendo sido substituído por Duarte Alves, um dos mais jovens dirigentes do partido.
Com a Assembleia da República com os trabalhos condicionados devido ao período orçamental, a substituição foi formalizada ontem com a aprovação em plenário do parecer da Comissão de Transparência e Estatuto dos Deputados.
Duarte Alves, de 31 anos, era o 'número três' pelo círculo eleitoral de Lisboa nas últimas eleições legislativas (onde o PCP apenas elegeu dois deputados, Jerónimo de Sousa e Alma Rivera) e vai substituir o secretário-geral cessante.
Leia Também: Parlamento despede-se de Jerónimo de Sousa com aplauso de pé