Chega quer debate no Parlamento sobre investigação ligada à Defesa

O Chega requereu o agendamento potestativo de um debate de urgência sobre as investigações que envolvem o Ministério da Defesa e quer João Gomes Cravinho, ex-ministro da Defesa e atual ministro dos Negócios Estrangeiros, a dar explicações ao Parlamento.

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Lusa
13/12/2022 15:32 ‧ 13/12/2022 por Lusa

Política

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"As explicações que podiam ter sido dadas ontem não foram, e infelizmente o Chega não tem outro caminho, nem tem outra solução, senão exigir potestativamente um debate de urgência na próxima semana sobre as suspeitas de corrupção na defesa", afirmou o presidente do Chega, indicando ainda não saber a data concreta.

Em declarações aos jornalistas na Assembleia da República, em Lisboa, André Ventura considerou que "esta é uma situação atípica porque as suspeitas de corrupção são num ministério e o ministro já é titular de pasta de outro ministério, mas é João Cravinho que deve dar estas explicações".

Por isso, o Chega apelou ao Governo "que se faça representar por João Cravinho, para que as explicações que têm de ser dadas sejam dadas no plenário da Assembleia da República, que é onde devem ser dadas".

Na semana passada, a Polícia Judiciária desencadeou, em coordenação com o Ministério Público, a operação "Tempestade Perfeita", que resultou em cinco detenções, entre as quais três altos quadros da Defesa e dois empresários, num total de 19 arguidos, que respeita ao período em que João Gomes Cravinho tutelou aquele ministério.

Fonte ligada à investigação confirmou na passada terça-feira à Lusa que o ex-diretor-geral de Recursos da Defesa Nacional, Alberto Coelho, o diretor de Serviços de Infraestruturas e Património, Francisco Marques, e o ex-diretor da Gestão Financeira do Ministério da Defesa Nacional Paulo Branco são os três altos quadros da Defesa detidos pelas autoridades.

André Ventura afirmou que o parlamento tem "uma agenda muito preenchida até ao dia 22", mas defendeu que "este é um ponto que não pode passar em claro".

"Há suspeitas graves de corrupção no Ministério da Defesa, há suspeitas de responsabilidade política grave de João Cravinho enquanto ministro, há suspeitas de encobrimento político por parte de João Cravinho, há suspeitas de um processo cheio de ilegalidades", sustentou, considerando ser "um caso de maior gravidade".

O líder do Chega indicou que quis "ouvir primeiro as explicações do atual ministro dos Negócios Estrangeiros", mas apontou que "ontem [segunda-feira] foram dadas em Bruxelas explicações não satisfatórias, João Cravinho limitou-se a dizer que respeitou os procedimentos e enviou para o Ministério Público".

"Ora, o historial deste processo diz o contrário, como facilmente as atas parlamentares vão demonstrar", defendeu André Ventura, concretizando que "quando houve as primeiras suspeitas de irregularidades, João Cravinho garantiu no parlamento que não tinha havido nenhuma derrapagem nas obras do Hospital Militar" e depois "disse que estava tudo dentro da lei e tinham sido assegurados todos os procedimentos legais", tendo optado ainda "por nomear Alberto Coelho como presidente do conselho de administração de uma empresa pública no âmbito da indústria da defesa".

Ventura reiterou que, se Gomes Cravinho não der explicações sobre este caso, "não tem de todo condições de se manter à frente do cargo de ministro dos Negócios Estrangeiros".

Questionado sobre o pedido de audição do ministro em comissão parlamentar por parte do PSD, o presidente do Chega respondeu que, "curiosamente, surgiu depois" de o seu partido ter informado os jornalistas de que iria falar sobre o assunto hoje, "quando este caso já tem mais de duas semanas".

Ventura justificou ter optado pelo debate em plenário com a possibilidade de os requerimentos das comissões poderem ser chumbados pelo PS e afirmando que o Chega "não se vai arriscar" a isso.

A operação designada "Tempestade Perfeita", de acordo com a Polícia Judiciária, é "uma investigação criminal cujo objeto visa apurar da eventual prática, entre o mais, de crimes de corrupção ativa e passiva, peculato, participação económica em negócio, abuso de poder e branqueamento, ilícitos relacionados com adjudicações efetuadas, por parte de organismo da Administração Central, a diversas empresas, as quais lesaram o Estado português em muitos milhares de euros".

[Notícia atualizada às 16h03]

Leia Também: Investigação na Defesa. Gomes Cravinho disponível para esclarecimentos

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